Dá um arrepio, dá sim, sempre que vejo operação pente-fino no ar. Não é comigo, é lá longe, mas sinto na pele o aperto de quem vai se apertar com a devassa. Polícia Federal na alvorada, aquele monte de gente, moças e moços de preto batendo no portão, pegando todo mundo no pijama. É fácil? Ah, não é. Avião sobrevoando casas sonolentas, é o pente-fino sem mais avisos. Se o interfone não atende, vai no sem jeito mesmo, que o momento aposta pesado é na surpresa! É fácil? Não é. Investigação sigilosa, cartada final, é a hora de chegar. E dali, o povo de preto só sai com a papelada recolhida, computadores debaixo do braço, celulares e mais detalhes que falem do crime. Dá sim, dá um arrepio ser pego com dinheiro escondido no banheiro, com cadernetinhas cheias de endereço e apelidos curiosos. Quem poderá lhes socorrer? A PF tem lá os seus mistérios e a sigla é uma das poucas que ainda soam com certa austeridade nesse País. E daqui penso na moça de preto, de corpo bonito e cabelos longos que, junto aos companheiros, desce do quinto andar com as provas na mão. Dá arrepio, mas arrepio, arrepio mesmo, quem sentia era outra menina dos cabelos longos, quando Maria, com certo objeto na mão, decretava: — Mandaro recado que na escola tá dano piôio, venha cá ao pente-fino!
|