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Opinião
10/10/2021 - 05h49
Democracia depravada
Benedicto Ismael Camargo Dutra
 

O desequilíbrio econômico entre os países é geral, de tal forma que apesar dos déficits, as nações utilizam políticas que inibem a atividade econômica quando deveriam estimular a produção de itens essenciais. O déficit comercial dos EUA ilustra bem esse desequilíbrio. Decisões oportunistas criaram essa situação, pois deveria haver equilíbrio econômico geral na produção, comércio, empregos, consumo, progresso com elevação dos níveis de saúde, educação, setor privado diversificado, mantendo estabilidade econômica, política e social. No entanto, os caminhos que levam a isso não foram perseguidos.

O dinamismo da economia globalizada tem sido mantido de forma artificial e distante dos reais objetivo da economia política que visa o bem-estar geral das populações e a melhoria geral das condições de vida, favorecendo o aprimoramento da espécie humana. Quantos desses objetivos foram alcançados? Quando sopra um vento mais forte, seja no Lehman ou na Evergrande, tudo oscila. A vida tem se tornado difícil e em crescente precarização para quase a totalidade das cerca de oito bilhões de pessoas hospedadas na Terra. Cobrir o rombo não deverá ser problema para a China; mais difícil será dar solução para quem ficar sem casa e para quem perder o emprego.

Em 2011, americanos indignados ocuparam a praça próxima a Wall Street em protesto pelo desemprego crescente e queda na renda, vendo o sonho americano ser atropelado. A mais importante questão para uma nação é a seriedade na escolha dos dirigentes, mas ao que se observa a grande maioria dos eleitos não cumpriram o seu papel, fragilizando e depravando a democracia ocidental e tudo o mais, cansando a população que não via a nação ser tratada com seriedade na direção do progresso e autonomia, por isso não há razão para que se estranhe a eleição de Trump e Bolsonaro, que captaram os anseios da população.

As grandes potências, como Inglaterra, França, EUA, Rússia e China, manejam o mundo há séculos da forma que melhor lhes convêm. Os discursos são envolventes, falam em convivência pacífica e progresso para todos os povos, mas na prática cada qual busca vantagens, seja com abuso da força militar ou econômica, mesmo que para isso tenham que sacrificar a natural evolução da espécie humana e a sustentabilidade do planeta.

O planeta Terra tem uma triste história de desestabilização dos mecanismos naturais que asseguram a sustentabilidade da vida. O mais cruel é que isso é consequência das desastrosas políticas econômicas adotadas que visam o enriquecimento de grupos dominantes em prejuízo de toda a humanidade, pois ao invés de visarem o aprimoramento, agem com viés imediatista, cobiçando ganhos e aumento de poder e influência, arrastando as populações para o abismo, escravizando-as sem que tenham consciência disso.

Estamos diante de uma situação extraordinária com acontecimentos que escapam do controle dos superdirigentes e dos supercomputadores, desorientando e gerando incertezas. Evidentemente são as consequências de atividades desordenadas que vêm introduzindo desequilíbrio no sistema natural da vida, atingindo a economia e a sociedade. Hora de direcionar toda inspiração intuitiva e o raciocínio lúcido para descortinar as causas que estão ameaçando a sobrevivência condigna da humanidade. A indolência espiritual finca suas garras onde não encontra resistência. As pessoas veem, mas não enxergam; ouvem, mas não escutam. As coisas vão acontecendo, mas, acomodados, os seres humanos não se mexem, não percebem que deveriam estar agindo como seres vivos e despertos no uso de suas capacitações.

A submissão deveria ser somente às leis da Criação, à Vontade Criadora de Deus, para construir um paraíso na Terra; mas os humanos, escravos das trevas, ousaram escravizar o próximo buscando atar seus espíritos para que se tornassem submissos, e a Terra se transformou num vale de perdição e sofrimentos. O ano de 2021 começou sem festas e tem os mesmos números de 2012. Os dias deste ano estão sombrios e difíceis. É importante mudar o foco dos pensamentos para coisas leves e do bem para escapar da inquietação reinante.


Nota do Editor: Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

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