Biofilia é tendência na pandemia. A produção de plantas frutíferas em vasos cresceu 10% no último ano. Empreendimentos urbanos, como o Harmonie, em Campinas (SP), já contam com um pomar compartilhado na área comum
Entre as lembranças afetivas que guardamos da infância, sem dúvidas, uma das principais e mais recorrentes é a de comer alguma fruta diretamente do “pé” na casa da avó, no pomar do vizinho ou no sítio, não é? Saborear uma fruta que foi cultivada livre de agrotóxicos e que faz parte do ambiente de casa, além de trazer diversas recordações, colabora na qualidade de vida, na saúde e no bem-estar. Se antes, ter uma árvore frutífera em casa era algo complicado porque demandava um espaço ou local maior, agora a realidade mudou. O isolamento causado pela covid19 fez com que as pessoas passassem mais tempo em casa e, com isso, percebessem a necessidade do contato com o verde, não apenas como decoração, mas, principalmente, no sentido sensorial. Uma tendência que vem se destacando dentro dos projetos arquitetônicos de empreendimentos urbanos é a biofilia. O conceito tem sido revisitado e vem ganhando novos formatos, como pomares compartilhados dentro de condomínios de prédios ou nas varandas dos apartamentos e das coberturas. De acordo com dados do Mercado de Flores Ceaflor, localizado na região de Holambra (SP) e um dos maiores do Brasil, no último ano a produção e as vendas de plantas frutíferas em vaso aumentaram 10% devido à alta demanda. Entre as árvores em vaso mais comercializadas durante a pandemia estão: amora; melão andino; figo; uva; romã; pitanga; araçá; jabuticaba; acerola; goiaba e os citros. Por isso, muitos empreendimentos já estão conectados e projetando áreas comuns com espaço para pomares e hortas. Um exemplo é o empreendimento Harmonie, do Grupo A.Yoshii (www.ayoshii.com.br) em Campinas (SP). “Com sistemas inteligentes e inovadores, o edifício foi planejado para ser eficiente, sustentável e oferecer ao morador uma experiência única em relação ao contato com a natureza. Procuramos pensar em um espaço que pudesse, ao mesmo tempo, aliar paisagismo com plantas nativas e escultóricas, mas que também trouxesse essa lembrança afetiva dos pomares. Por isso temos plantas como romã, pitanga, mexerica, jabuticaba e acerola nesse espaço comum, promovendo bem-estar e contribuindo com o ecossistema”, conta a arquiteta do Grupo A.Yoshii, Andressa Bassinelli. A tendência vem sendo aplicada em vários empreendimentos do grupo A.Yoshii, como também é o caso do Solar di Capri, da Yticon, localizado em Londrina (PR). “Aqui optamos por ter um pomar mais variado, também com carambola, amora e acerola. Essas espécies costumam atrair polinizadores como pássaros, borboletas e abelhas, e isso encanta o morador, porque faz parte da experiência sensorial com a natureza”, diz. Pomar de varanda Mas, o conceito de biofilia não se aplica apenas às áreas comuns dos condomínios. Ele vai além. Hoje é possível ter seu próprio pomar na varanda do apartamento, basta ter alguns cuidados. Já se pode comer jabuticaba cultivada na sua sacada, que tal? O primeiro passo é escolher a árvore frutífera que você gostaria de ter e ver se é possível cultivar em vaso. “A segunda dica muito importante para que a árvore se desenvolva é a escolha do vaso já que cada espécie precisa um um espaço certo para poder se desenvolver. Algumas, por exemplo, têm raízes profundas. A posição do sol também é um fator importante, então antes de comprar a planta, procure se informar com o produtor, jardineiro ou paisagista se ela precisa de muito ou pouco sol, para fazer a escolha certa do local onde ela ficará”, explica a arquiteta. O solo também precisa de atenção especial, já que deve ser rico em matéria orgânica. “Atenção também para a irrigação. Geralmente, essas plantas frutíferas precisam ter uma rega periódica, e muitas também necessitam ter poda em seus galhos. As frutíferas de vasos, além de decorarem, muitas vezes perfumam o ambiente, trazem sensação de aconchego e bem-estar”, ressalta.
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