Os parlamentares brasileiros querem intensificar o apoio do Brasil a Cuba. Os motivos principais são as recentes medidas anunciadas pelo governo dos Estados Unidos para coibir investimentos no país comandado pelo presidente Fidel Castro. A frente parlamentar Brasil-Cuba da Câmara dos Deputados, que existe há pelo menos 12 anos, recebeu ontem novos integrantes e pretende ampliar as relações comerciais, políticas, econômicas e culturais com o país. O novo presidente da frente parlamentar é o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), que garantiu concentrar esforços para promover investimentos brasileiros cada vez maiores em Cuba. Greenhalgh revelou que vai iniciar pessoalmente um levantamento em todos os ministérios sobre os projetos em vigor do governo federal em Cuba. "Este é o primeiro ano em que a frente é presidida por um parlamentar de um partido da base de sustentação do governo. Nós temos que aumentar o intercâmbio comercial entre os dois países. O governo do presidente Lula quer fazer a inclusão de Cuba nas negociações do Mercosul", ressaltou o parlamentar. O embaixador de Cuba no Brasil, Pedro Juan Nuñez Mosquera, ressaltou a importância do apoio brasileiro ao seu país. Na avaliação do embaixador, a determinação da frente parlamentar de intensificar as relações é a prova de que o Brasil se solidariza com as lutas cubanas - mesmo diante das medidas impostas pelos Estados Unidos. "No momento em que se fortalece o bloqueio a Cuba, essa é uma manifestação pura de solidariedade", ressaltou o embaixador. Entre as medidas anunciadas há cerca de um mês pelo presidente dos EUA, George W. Bush, está a ampliação de US$ 7 milhões para US$ 36 milhões do orçamento para a manutenção dos organismos anti-Cuba. Os EUA também decidiram aumentar o acesso de opositores cubanos a transmissões de rádios e TVs norte-americanas dirigidas à ilha e ainda reprimiu o fluxo de dólares para Havana destinados a parentes dos cubano-americanos. A resposta de Cuba às sanções norte-americanas foi dura e veio com ações práticas. O presidente Fidel Castro reforçou a determinação do país de manter todos os seus programas na área de saúde, educação e turismo, sem a participação de qualquer recurso de países favoráveis às causas dos EUA. Para o governo cubano, as medidas são suficientes para enfrentar os obstáculos impostos pelos norte-americanos. O presidente Fidel Castro também garantiu mobilizar recursos adicionais necessários para enfrentar o bloqueio imposto, agora de forma mais dura, pelo presidente Bush. Investimentos em cultura Um dos principais objetivos do governo cubano para enfrentar as sanções norte-americanas é o apoio aos projetos culturais desenvolvidos pelo país. Para o embaixador de Cuba no Brasil, a difusão cultural em Cuba é uma das maneiras de garantir liberdade à população. "Ser culto é o único modo de ser livre. Por isso hoje há, em Cuba, mais de 70 projetos culturais em andamento", revelou o embaixador. Para garantir apoio às manifestações culturais cubanas, o deputado Greenhalgh prometeu intensificar a troca cultural entre Brasil e Cuba. A primeira ação prática da frente parlamentar foi inaugurar hoje, no Espaço do Servidor, na Câmara dos Deputados, exposição de gravuras de três artistas plásticos cubanos. O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), garantiu empenho dos deputados na promoção cultural de Cuba. "Queremos possibilitar tanto aos cubanos como aos brasileiros o conhecimento dos dois países", ressaltou João Paulo. A exposição é aberta ao público e reúne obras dos artistas cubanos Roberto Fableo, Eduardo Roca Salazar (conhecido como "Choco") e Nelson Dominguez. As obras apresentam diversas técnicas das artes visuais, como desenho, pintura, escultura e cerâmicas. Em junho, a frente parlamentar e o embaixador cubano pretendem realizar um seminário para discutir de forma prática as relações bilaterais entre os países nos aspectos culturais, político e econômico.
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