Força e gratidão aos abnegados maricas, estes heróis anônimos que bravamente perseveram no isolamento doméstico. Que insistem no despropósito de pensar no próximo e na saúde coletiva. Bravo, maricas, bravo. Ainda que brucutus aparvalhados, com sua retórica de ocasião, desmereçam seu sacrifício logo ao romper da Alvorada, entrincheirados em cercadinhos a defecar nos microfones. Ainda que inconsequentes sem máscara se aglomerem por raves, bailes funk, botecos, orlas e saldões de ovos de Páscoa. Conscientes do perigo, assassinos e ao mesmo tempo suicidas de caso pensado, espalhadores da praga e receptores do caos. A vocês, maricas incorrigivelmente desmunhecados, a ordem do mérito por bravura. Por aceitarem o sacrifício do campo de concentração para que napoleões de hospício saiam por aí de arminha em punho, atirando a esmo e à toa com sua pólvora de chabu. Esta é uma obra de ficção.
Nota do Editor: Marcelo Pirajá Sguassábia é redator publicitário em Campinas (SP), beatlemaníaco empedernido e adora livros e filmes que tratem sobre viagens no tempo. É colaborador do jornal O Municipio, de São João da Boa Vista, e tem coluna em diversas revistas eletrônicas.
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