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Opinião
20/09/2020 - 07h17
Mini, super ou hiper: o que são os orgânicos?
Clauber Cobi Cruz
 

Você deve conhecer ao menos um radical de carteirinha. Daqueles que, por exemplo, consideram que os Beatles só eram bons mesmo na época em que tocavam seis horas por noite na região do cais do porto de Hamburgo, em casas de strip-tease decadentes e boates barra pesada, frequentadas por marujos bêbados e gangues de motoqueiros, sempre dispostos a resolver suas diferenças empunhando as cadeiras, mesas e garrafas do local.

Esse mesmo “beatlemaníaco raiz” também costuma dar uma aura romântica ao fato de que os músicos dormiam em camarins sem janela, não tinham local para tomar banho e tinham seus passaportes “confiscados” pelo dono das espeluncas.

Mas, queiram ou não os radicais, o mercado musical movimentou suas engrenagens e anos depois o talento dos quatro rapazes de Liverpool já não cabia mais no cais do porto, em Hamburgo, na Alemanha, na Inglaterra ou mesmo na Europa. Suas canções tomaram o mundo, como bem sabemos.

Essa metáfora da indústria do entretenimento serve bem para outras áreas, inclusive a dos orgânicos. No início heroico, produzia-se praticamente para consumo próprio e das famílias. Depois, veio o contato direto do produtor com os ainda raros consumidores de orgânicos em feirinhas especializadas, nas quais, praticamente, todos os frequentadores e vendedores se conheciam pelos nomes.

A qualidade dos produtos e a divulgação de seus benefícios fez com que esse público aumentasse rapidamente. E os orgânicos foram acolhidos pelas lojas de produtos naturais e quitandas voltadas a clientes de maior poder aquisitivo e que os desejavam mais à mão, no dia a dia, e não apenas em eventos semanais ou quinzenais.

De lá para cá, esse mercado se desenvolveu não em passos, mas em verdadeiros saltos e os orgânicos já não cabem nas velhas roupas. E se a grande dúvida, antes, era onde encontrar o cliente, agora é o cliente que exige que os orgânicos estejam onde ele está.

Sim, a distribuição continua sendo um nó que requer soluções. E a boa notícia é que uma delas está pronta, funcionando e espalhada com sucesso por todo o Brasil: a rede de micro, super e hipermercados locais, regionais e nacionais.

Sua majestade, o consumidor, escolheu esses pontos de venda como prioritários em sua rotina. Pela facilidade de estacionamento, pela comodidade de comprar quase tudo em um só local e, é claro, pela segurança, que será sempre um quesito importantíssimo enquanto as ruas do país forem consideradas perigosas.

No contexto atual, a ampliação da presença e visibilidade dos orgânicos nos ambientes dos mercados é a grande oportunidade para o crescimento. E que, para funcionar, deverá ser efetivada na base das boas práticas, nas quais os interesses dos três pilares do negócio, ou seja, produtores, comerciantes e consumidores, sejam levadas em conta na estratégia.

Mostrando saúde na quarentena

Aí chegamos a uma pergunta chave: os orgânicos têm poder de fogo para atender às super e hiper demandas de seus gigantes parceiros?

E a resposta, felizmente, foi dada de forma muito prática, em 2020 quando, em meio a uma inédita crise, como a da pandemia, o setor orgânico brasileiro, na contramão da maior parte da economia, avançou vigorosamente, destacando-se como ponto positivo em época tão incerta.

O fato é que a procura pelos produtos cresceu e foi devidamente atendida, gerando trabalho e renda em época de desemprego, especialmente (e não por acaso) na distribuição dos produtos. Em todo o Brasil, muitos brasileiros aproveitaram suas bicicletas, motos e automóveis para empreender, principalmente na entrega domiciliar, que cresceu de forma exponencial com a realidade das quarentenas e distanciamento social.

Dando um passo além, vimos muitos grupos de vizinhos, condomínios e famílias consumidoras unindo-se a produtores orgânicos para, juntos, planejarem um ano de produção, inclusive com parte do pagamento adiantado e compartilhamento de possíveis riscos.

Isso tudo, mais o aumento da procura no grande varejo, foi possível porque os orgânicos brasileiros há muito já passaram da fase dos testes e experiências, mostraram competência nos mais diversos solos e condições climáticas, e já estão no campo de ciência consolidada, com técnicas, tecnologias e didáticas bem desenvolvidas. E que podem, em caso de aumento de demanda, ser rapidamente difundidas e colocadas em ação na cadeia produtiva, desde que, é claro, sejam construídas relações comerciais vantajosas e sustentáveis para todos.

Estar presente e em locais bem visíveis dos grandes centros de consumo vai significar um verdadeiro salto na consolidação deste mercado, com aspectos positivos como, por exemplo, gerar estrutura que viabilize uma inclusão mais profissional e efetiva dos produtos em uma área privilegiada: o comércio internacional.

Sem que seja necessário, certamente, abandonar a nenhum dos os meios de distribuição tradicionais do setor.

Estamos crescendo, e agora?

Crescer é bom. E crescer mantendo suas raízes, origens, conceitos e valores, melhor ainda. Mas isso implica em ir um pouco além das ações rotineiras. É necessário pensar grande e deixar o radicalismo passadista de lado, com mente aberta às mini, super e hiper mudanças que, certamente, estão por vir.

Pois o mundo dos orgânicos, felizmente, é sustentável e, portanto, não tem limites.


Nota do Editor: Clauber Cobi Cruz - Diretor da Organis - Associação de Promoção dos Orgânicos - (www.organis.org.br).

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