Ainda nem saí da cama e um sabiá laranjeira canta, no terreno que faz fundos para a minha casa. Canta, canta, me acorda e vai embora! Quando descanso da correria da manhã, um bem-te-vi que fez ninho por ali vem me dizer: te vi, te vi, te vi... Os pardais a ciscar, coçam a telha plástica da área de serviço, tirando formigas dos ciscos Ouço atenta um outro pássaro que canta... Será sanhaço? Estico os olhos nos fios, Mas ele já sumiu no espaço! Da minha casa não escuto pássaros em gaiola. Há quem prenda por engano, achando que só assim, desfruta desse encanto! Agora com a quarentena, Fica ainda mais gritante, Que a “Liberdade, ainda que tardia”, É o que nos leva adiante! Em terra firme ou no mar, Vamos passarinhar, e no vôo das gaivotas, Um vento leste nos dirá, Quando é a hora de voltar!
Nota do Editor: Maria Angélica de Moura Miranda é jornalista, foi Diretora do Jornal "O CANAL" de 1986 à 1996, quando também fazia reportagens para jornais do Vale do Paraíba. Escritora e pesquisadora de literatura do Litoral Norte, realiza desde 1993 o "Encontro Regional de Autores".
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