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Medicina e Saúde
22/06/2020 - 06h48
O inimigo por trás do sol
Vinícius Corrêa da Conceição
 

O câncer de pele é o mais comum no Brasil e no mundo, representando 25% de todos os tumores sólidos. Nos últimos dez anos, o número de casos aumentou cerca de 50%. Dentre todos os tumores de pele, o melanoma, embora mais raro (representa por volta de 4% do total) é, sem sombra de dúvida, o mais agressivo e o que mais mata. Por isso, apesar de dezembro ser considerado o mês mundial de conscientização para o câncer de pele, o melanoma reserva uma data à parte, neste mês de junho, para chamar a atenção sobre seus riscos e desafios.

Em 2020, teremos cerca de oito mil casos novos de melanoma, com 1.700 mortes ao longo do ano, só no Brasil, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). O melanoma se não diagnosticado no início, pode dar metástases (quando um tumor se espalha para outros órgãos) rapidamente. Infelizmente muitas pessoas descobrem esse câncer já nessas fases mais avançadas.

Esse tipo de tumor surge a partir de danos causados nas células da pele produtoras de melanina (o pigmento que dá cor à pele) e pode aparecer não só na pele, mas também em mucosas e nas unhas. Os danos são causados pela exposição direta ao sol, sem proteção. Os raios UVB são os grandes vilões, causando queimaduras na pele mais superficial e, quando essa exposição se dá de forma prolongada, as células da pele podem sofrer alterações em seu DNA levando ao desenvolvimento do câncer.

Um dado interessante é que a incidência de melanoma no mundo vem aumentando nos últimos anos, mas a mortalidade está diminuindo. Ou seja, mais pessoas têm diagnosticado a doença, mas também mais pessoas têm se curado ou controlado a doença. Isso tem ocorrido graças o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes e menos tóxicos.

Até o início desta década, o único tratamento disponível para tratar a doença mais avançada era a quimioterapia citotóxica, que causava muitos efeitos colaterais e era pouco eficiente contra esse tipo de tumor. Com a descoberta e desenvolvimento das imunoterapias e das terapias-alvo (medicamentos em comprimidos), isso mudou radicalmente. A imunoterapia age no organismo fazendo com que o sistema imunológico do próprio paciente reconheça as células malignas e atue de forma mais eficaz em destruí-las. Já a terapia-alvo funciona em uma parcela dos pacientes que possuem uma mutação especifica em um gene chamado BRAF.

Estes tratamentos trouxeram resultados impressionantes no controle do melanoma, que deixou de ser um tumor altamente letal para ter resultados muito semelhantes aos de outros canceres considerados menos agressivos. Além de um maior tempo de vida na doença avançada, os tratamentos mais modernos melhoraram substancialmente a qualidade de vida dos pacientes.

Mesmo com todos esses avanços é primordial alertar a população para buscar diagnósticos em fases mais precoces, quando a chance de cura é real. Portanto, alertamos às pessoas para que conheçam o seu corpo e façam uma autoavaliação sempre que possível, além de se protegerem do sol, evitando exposições prolongadas, principalmente sem o uso de protetores solares ou roupas adequadas. E, sempre que notarem alguma mancha estranha ou nova, que procurem o dermatologista para uma avaliação mais detalhada.

O melanoma, quando descoberto precocemente tem chances de 95% de cura e seu tratamento é essencialmente cirúrgico no início. Não deixe essa doença marcar você. Procure marcas e pintas estranhas em seu corpo e, em caso de dúvidas ou alterações, procure um dermatologista.

Mesmo em um momento tão complicado que estamos passando com a pandemia da COVID-19, é extremamente importante lembramos sobre os riscos de se desenvolver melanoma. Os inimigos novos não mudam a necessidade de se combater os inimigos antigos!


Nota do Editor: Vinícius Correa da Conceição é médico oncologista com residência médica em oncologia pela Unicamp, graduação e residência médica em clínica médica também pela Unicamp. Tem título de especialista em cancerologia e oncologia clínica pela Sociedade Brasileira de Oncologia, foi visiting fellow no serviço de oncologia do Instituto Português de Oncologia (IPO), no Porto. Membro titular da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), da Sociedade Europeia de Oncologia (ESMO), da International Association for the Study of Lung Cancer (IASLC), do Grupo Brasileiro de Melanoma (GBM), e da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC). Vinícius é sócio do Grupo SOnHe - Sasse Oncologia e Hematologia (www.sonhe.med.br), e atua na oncologia do Instituto do Radium, do Hospital Madre Theodora, do Hospital Santa Tereza e da Santa Casa de Valinhos.

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