Passei numa loja que vendia coisas usadas e entrei para garimpar enfeites antigos para restaurar. Olha daqui e dali e me deparo com uma máquina de escrever portátil da década de 70. Não consegui me concentrar em mais nada. Andava e voltava para a máquina sorrindo para mim, com os tipos em curva, zombando do meu saudosismo. Saí sem comprar nada, porém pensando como é estranho o cérebro humano que bloqueia o raciocínio com a simples apresentação de um objeto velho e sem utilidade prática para os tempos que vivemos. Os bons e velhos litros de leite servem de enfeite, os ferros a carvão também, mas máquina de datilografia é um trambolho que só traz de volta, talvez, os tempos de juventude, de futuro incerto, de procura de profissão e de luta pela vida. Acredito que os jovens também passam por essa agonia, hoje, só que terão outras referências para aguçar suas lembranças. Nem imagino qual serão...