Alarme falsoA ideia é tão boa, mas tão boa, que tem tudo para dar errado. E certamente vai dar. Basta um espaço de 2mx2m em qualquer fundo de quintal, o suficiente para acomodar algumas telas de silkscreen, tintas, placas de PVC ou de aço escovado. E só. Arranjado este QG e este estoque inicial, baratíssimo, chega-se, dando busca no Google, às empresas de segurança residencial líderes em qualquer cidade. Ainda pelo Google, a partir deste primeiro passo, é fácil conseguir um zoom detalhado das plaquinhas afixadas nas residências protegidas em casas de classe média. Feito isso, parte-se para as réplicas das placas. Daí segue-se à comercialização, esta sim porta a porta, diretamente com o dono de cada imóvel não-contratante da empresa de alarme top do município. Calculando, por baixo, o aparato de um sistema de monitoramento residencial de última geração, chegamos fácil a 5 mil reais. Fora a mensalidade da central 24 horas, a ser acionada em caso de qualquer problema. Quinhentos reais pela plaquinha em silk idêntica à fornecida pela empresa de segurança é uma oferta irrecusável para quem quer se proteger sem gastar muito. Claro que o morador continuará desprotegido, mas quem seria o louco do ladrão a arriscar uma investida em sua casa? Tiro no pé
A ideia é tão boa, mas tão boa, que tem tudo para dar errado. E certamente vai dar. Basta um espaço de 2mx2m em qualquer fundo de quintal, o suficiente para acomodar algumas placas de isopor, tinta cor grafite, um pirógrafo de segunda mão, faca afiada e mais nada. Arranjado este QG e um estoque inicial, baratíssimo, parte-se para a confecção em isopor de réplicas de fuzis AR15. Daí para chegar ao mundo do crime e oferecer a mercadoria é a coisa mais fácil. Calculando, por baixo, o valor de um fuzil desse calibre, chegamos fácil a 10 mil reais - se adquirido legalmente, o que quase nunca é o caso. Claro que o assaltante continuará desarmado, mas quem seria o dono de residência a encarar o ladrão com um fuzil daqueles? A questão é saber se o meliante terá peito de ir em frente com sua arma de araque ao ver a plaquinha de (falso) alarme no muro da casa... Esta é uma obra de ficção.
Nota do Editor: Marcelo Pirajá Sguassábia é redator publicitário em Campinas (SP), beatlemaníaco empedernido e adora livros e filmes que tratem sobre viagens no tempo. É colaborador do jornal O Municipio, de São João da Boa Vista, e tem coluna em diversas revistas eletrônicas.
|