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Crônicas
13/02/2020 - 06h53
Ser cidadão ou cidadã
Damião Ramos Cavalcanti
 

Ser cidadão é ser muito além do que apenas indivíduo. Não são situações contrárias, mas uma socialmente mais evoluída do que a outra. Tampouco um dilema, ser um ou outro, mas, conceitualmente, o cidadão é muito mais do apenas um indivíduo na sociedade. A cidadania é um pensamento político ou da própria política sã que organiza e conduz, com harmonia, a convivência coletiva institucionalizada. Se a sã política é a que se move em direcionamento da sua finalidade, a política em sentido contrário não deve ser considerada política...

Em sua obra Émile, Jean Jacques Rousseau nos leva a filosofar que no indivíduo e no cidadão não existiria propriamente uma contradição em si mesmo, mas, dentro de si, forças antagônicas, manifestadas pelas tendências ao individualismo ou pelas inclinações à cidadania; ou seja, pela vontade individualista ou pelo desejo de uma sociedade cidadã. Em cada homem e em cada mulher, não haveria uma dicotomia, mas, neles, a ideia de que a harmônica convivência social, que faz o bem para todos, seria a forma política mais saudável e feliz para todos. Como duvidar disso?

Somente o pensamento exclusivamente individualista e utilitarista explicaria uma política contrária e ideologicamente tendente para poucos. Houve um tempo, em que os políticos ou aqueles que constituíam a pólis , na Antiga Grécia, vivenciaram o sentido perfeito do que é cidadania. Mas, as guerras contra os macedônios causaram o aceleramento de rendição e a decadência da pólis ateniense, que durou, de modo inciso, no século IV. Os próprios gregos, de então, reconheceram que as causas de tal declínio da cidadania e consequentemente da democracia se resumiram ao militante predomínio do individualismo “desenfreado”, que dissolveu, de modo acelerado, os ideais do bem para todos. A participação dos políticos na Assembleia não tinha mais o sentido de contribuição para o Bem Comum, para eles, então, o importante era estar no poder e o bem estar exclusivamente para si. Embora , instintivamente, cada indivíduo queira, até de forma gananciosa, os bens somente para si, a doutrina democrática e republicana repousa sobre uma concepção mais altruísta, a de que os indivíduos constituem a sociedade, mas somente a pessoa cidadã entende que tal sociedade é a pólis, na qual devem se desenvolver os princípios do direito de cada um e o bem estar e liberdade para todos.

Também agora, o “individualismo desenfreado” tem ido além, esmagando os valores éticos da conduta cidadã e da honestidade, dos indivíduos entre si, e consequentemente do respeito à coisa pública. Nesse aspecto, as transações econômicas não podem ser independentes das relações políticas entre o povo e seus representantes, a partir do princípio de que todos deveriam ser e se comportar como cidadãos. Isso nos impõe algum dilema? Aparentemente sim, enquanto vem se estabelecendo, historicamente, uma “dicotomia básica entre o público e o privado”. É quando se requer um justo equilíbrio das relações políticas e econômicas, ao ponto de que o convívio social seja mais justo e feliz para todos, e não excludente, reservando, cada vez mais, o bem estar para poucos. Essa dita dicotomia é histórica, sempre encontrada como o maior problema, entre o povo e o poder; entre a pólis e os políticos; entre o indivíduo e o cidadão. Os que se dedicam à política não façam com a democracia republicana, melhor momento da política cidadã, como as filhas de Pélias, induzidas por Medeia: o velho pai, já não tendo as mesmas forças e virtudes, foi cortado em pedaços e cozinhado por elas para que ele renascesse em plena e capaz juventude; que assim, em partidos, nossos políticos não tratem nossa cidadania e nossa democracia.

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