| Luiz Filho | | | | Ipê-roxo. |
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Planta decídua durante o inverno, heliófita, característica das florestas semidecídua e pluvial. Apresenta ampla dispersão, porém descontínua em toda a sua área de distribuição. Ocorre tanto no interior da mata primária densa, como nas formações abertas e secundárias. Floresce durante os meses de maio a agosto como uma árvore totalmente despida de folhagem. Os frutos amadurecem a partir de meados de setembro até outubro. A árvore é extremamente ornamental quando em floração, extremamente utilizada em arborização urbana. É também ótima para compor reflorestamentos destinados à recomposição vegetal de áreas degradadas. Esta é a Tabebuia impetiginosa. Ipê-roxo para nós. Impossível passar desapercebida numa paisagem igual a esta, esquina da rua Paraná com a Maria Alves em Ubatuba. Vi uma reportagem sobre a nova visão do turismo no Ceará. Cansados de venderem praias, mar e sol eles estão investindo no folclore, na cultura e no povo. Um mirrado cajueiro substituindo um outro antes imenso mantém ao seu lado uma placa indicando que ali era ponto de encontro dos mentirosos. Turistas, param e fazem questão de tirar uma fotografia para provar a verdade. Um bode empalhado, exposto num museu é tido como o único sobrevivente da terrível seca de 1937, em protesto pela constituição polaca, foi o "candidato" a vereador mais votado naquele ano, sua posse deu bode, isto é não deu bode no plenário de lá. Isso e muito mais vão entretendo o turista entre um banho de mar e outro. Turista gosta de ter história para contar. Ubatuba chove 250 dias do seu ano, tem uma média anual de 88% de umidade relativa do ar, tem 80% do seu território como área de preservação permanente, 80% do seu território é considerado como a maior biodiversidade do planeta, tem 385 das 3.000 espécies de aves do continente, paisagens singulares e exclusivas, tem 450 anos da História dos 505 anos do Brasil, tem um dos maiores índices de bicicleta por habitante. E muitos dos nossos turistas continuando indo embora com a única e desagradável sensação que em Ubatuba chove muito. Certa vez, um grupo de observadores ingleses foram surpreendidos em minha casa por uma borrasca de verão. Foi a primeira vez que vi os fanáticos observadores de pássaros pararem de procurar pássaros para ouvirem, verem e registrarem uma inesquecível e torrencial chuva de verão. Falta-nos Museus, teatro e orgulho da nossa História. Falta-nos alegria, entretenimento e reconhecimento pelos dias de chuva que fatalmente irão ocorrer todos os anos. Igual à foto, podemos escolher em olhar os telhados ou o ipê em flor. Igual ao início deste artigo podemos descrever cientificamente a árvore na ilusão de transmitir a beleza que somente o nosso simples olhar pode ver. E, finalmente, igual às árvores, o turismo não pode ter frente nem verso.
Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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