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Opinião
10/12/2019 - 06h45
Democracia e tirania
Benedicto Ismael Camargo Dutra
 

Não é só o Brasil, como fazem crer muitas notícias, mas o mundo todo parece estar no fim da linha. O desequilíbrio é geral: econômico, social, moral e espiritual. O economista e filósofo Karl Polanyi, em meio da guerra dos anos 1940, antevia a mecanização do ser humano transformado em mero instrumento de trabalho, sem finalidades mais elevadas. Nos anos 1930, Abdruschin, na Alemanha, também advertia publicando a obra Na Luz da Verdade Mensagem do Graal mostrando como o ser humano foi semeando o declínio ao longo dos milênios.

As correntes religiosas, os adeptos do liberalismo econômico e da regulação pelo estado já se digladiavam sem querer reconhecer as causas da miséria e sofrimento. As duas guerras, a crise de 1929, a ascensão do nazismo, mostravam que os humanos estavam fazendo valer os ditames de seu intelecto frio que dominou a alma e tudo que já era crítico no século 20 ficou pior no século 21 porque a humanidade chegou mais perto do abismo.

Nesta fase da globalização, o cientista político norte-americano Steven Levitsky não poderia dissociar seu livro A morte das democracias das questões da economia e da demografia. O poder mundial se concentrou junto às finanças e produção. A grande concentração financeira se postou acima de qualquer restrição, assim como o avanço econômico da China, a qual, com leis próprias produz tudo em larga escala para exportar. Os países periféricos ficam à margem, pois seus governantes como Nicolás Maduro e Evo Morales, por exemplo, pintam e bordam, mas mundialmente nada influenciam, e a população de seus respectivos países fica subordinada aos ditames tirânicos e não consegue evoluir.

Países que acumularam riqueza fecharam as fábricas e se habituaram a viver de juros e ganhos especulativos, deixando que outros os sustentem. Mas o panorama está mudando com a concentração da produção na Ásia, com a queda dos juros e estagnação das valorizações. De longa data os maus estadistas dilapidaram o Brasil e não aceitam perder os privilégios. A dívida e o desequilíbrio das contas travaram tudo, saltando de 51,5% para 79% do PIB. O governo tem que dosar o uso do dinheiro porque se tudo que conseguir for usado só para os credores, o Brasil poderá emperrar.

No câmbio, pratica-se o jogo da especulação com moedas. O Japão valorizou o iene e penou para continuar exportando. Aqui o real foi valorizado, facilitando a importação de bens de consumo. Na fase de guerra comercial, dólar mais caro encarece importações, complicando para a China. Até onde vai essa valorização do dólar? Juros baixos nos EUA reduzem o rendimento dos aplicadores graúdos como a China, mas não há onde aplicar as reservas com ganhos e segurança. Há muitos dólares criados pelos BCs sem ter onde aplicar.

As palavras se tornaram armas pelo uso ardiloso e falso. Se nação significa a aglutinação de um povo com as tradições herdadas do convívio com a natureza e suas leis, como dizer que a nação é coisa nociva? O correto seria esclarecer que nocivos são os tiranos que usurpam o poder para satisfazer a própria cobiça. Os povos estão perdendo as suas individualidades que, se mantidas naturalmente, sem dogmatismo ou misticismo, promovem a interdependência, a complementaridade e o progresso. Na mesa da fartura dos recursos naturais os mais astutos, para satisfazer sua cobiça, se postam na frente, dominando esses recursos e as finanças, desprezando as nacionalidades e suas culturas.

Com o desencadeamento simultâneo de muitos acontecimentos há um emaranhado de insatisfações e ansiedades. A humanidade se afastou do significado da vida, entregando-se a uma forma de viver estruturada por conceitos criados pela mente voltada para o materialismo. Um sentimento de desapontamento começa a se expandir.

Urge cultivar o som do silêncio, aproveitar o tempo, manter a serenidade, evoluir espiritualmente. Temos de amenizar as asperezas. Muitos acontecimentos desagradáveis e agressivos começam a se desencadear pelo mundo. Como solucionar tantos problemas se faltam líderes sábios, amantes da paz, que priorizem o bem? É preciso formar equipes coesas que se auxiliem mutuamente e restabeleçam a hospitalidade natural da Terra.


Nota do Editor: Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola - o manuscrito que abalou o mundo”, “2012... e depois?”, “Desenvolvimento Humano”, “O Homem Sábio e os Jovens”, “A trajetória do ser humano na Terra - em busca da verdade e da felicidade” e “O segredo de Darwin - Uma aventura em busca da origem da vida” (Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

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