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Crônicas
19/11/2019 - 06h13
Quem aí ainda recorda do Gato Félix?
João Adolfo Guerreiro
 

Eu digo que recordo dele dos gibis, lá na distante década de 1970, do que pela TV. Daquele tempo, dos desenhos animados, lembro de outros dois gatos, o Frajola e o Tom, que eram coadjuvantes malvados do Piu-Piu e do Jerry, o passarinho e o ratinho bonzinhos das histórias. Já o Gato Félix possuía carreira solo e era o gente boa do pedaço. Todavia, a origem dele, muito anterior a dos dois outros (1945 e 1940, respectivamente), dá-se na década de 1910, ainda no tempo do cinema mudo...

É controverso o título de criador do Gato Félix, paternidade disputada por Pat Sullivan (1887 - 1933) e Otto Messmer (1892 - 1983). O último, desenhista, trabalhava para o estúdio de Pat e reivindicou a autoria, embora o patrão, por sua vez, afirmasse, até o final de sua vida, o contrário. Bom, o fato é que em 9 de novembro de 1919, há cem anos, a personagem vinha ao mundo com o nome de Mestre Tom na animação sem som Feline Follies, produzida pelo estúdio de Sullivan, enquanto Messner levou o bichano para as tiras de jornais e para os quadrinhos, de 1923 a 1955.

Félix foi a primeira personagem animada a competir em popularidade com os atores da época, e seus desenhos concorriam de igual para igual com a bilheteria dos filmes de sucesso nos primórdios da sétima arte. Ele é dos mais antigos, do mesmo ano que Olívia Palito (*1) e uma década anterior a outros como Popeye (1929) e Betty Boop (1930), lembrando que a maioria dos heróis de quadrinhos que vemos hoje repaginados nos cinemas são oriundos das décadas de 1930 e 40. Mais antigo (*2) que ele é Yellow Kid, de Richard Outcalt (1863 - 1928), que introduziu a personagem como tirinha de jornal em 1897 com o então inovador "balão das falas".

Com o surgimento do cinema falado, em 1928, o enorme sucesso de Gato Félix arrefece e declina, devido tanto a posição inicial de Sullivan em não incluir som em seus desenhos quanto ao surgimento de animações sonoras, como Mickey Mouse, de Walt Disney (1901 - 1966), naquele mesmo ano. Curiosamente, em 1928 o gato entraria para a história como a primeira imagem transmitida pela nascente televisão. Somente a partir de outubro de 1958 retomou seu prestígio pelas mãos do desenhista Joe Oriolo (1913 - 1985), criador do Fantasma Gasparzinho (1939), que trabalhou como assistente de Messmer. Fez novas aventuras com som para a TV e atualizou o desenho do Gato Félix, criando também assessórios (a bolsa mágica) e parceiros, além de amenizar sua personalidade visando atingir o público infantil.

A partir de então Félix apareceu na TV americana em três séries, a última delas denominada The Twisted Tales of Felix The Cat, entre os anos de 1995 e 1997. Em 1988 é lançado o filme Felix The Cat: The Movie e, por último, um vídeo em 2004, Felix The Cat: Saves Christmas, voltado para o público japonês. Desde 2014 é propriedade dos estúdos cinematográficos Dreamworks e, embora não haja, ainda, previsão de novo filme, sua marca continua a ser licenciada e comercializada numa ampla variedade de produtos, de roupas a brinquedos.

No Brasil, apareceu em 1928 no livro O Gato Félix, de Monteiro Lobato, onde um impostor se passava pelo famoso bichano e, em 1929, chamado de Miau Miau, na revista Mundo Infantil. Na televisão, surgiu por aqui em 1965 transmitido pela TV Tupi, passando pela paulista TV Gazeta e chegando até a Globo, onde foi exibido até a década de 1980. Na década de 1990 reaparece na TV Record, integrando também a grade de programação dos canais Rede Brasil, Cartoon Network e Boomerang. No mundo das histórias em quadrinhos nacionais, foi editado pela La Selva, de 1956 a 1965 (série Seleções Juvenis), RGE, de 1965 a 1968 (série Gibi Apresenta), Trieste (1972, 1973) e Bloch (1975). Em 2006 a Opera Graphica lançou uma edição especial.

Uau syl! Embora o Gato Félix esteja fora das telas, dos jornais e dos quadrinhos nos últimos tempos, não é toda criação artística de cunho popular que chega aos 100 anos ainda com possibilidade de interromper a aposentadoria e voltar a ativa. Seja Sullivan ou Messmer o pai do felino, eles nunca esperaram, com certeza, que suas sete vidas durariam tanto no mundo do entretenimento. Eis o grande pulo do Gato Félix.

E tu aí, ainda lembravas dele?


(*1) - A igualmente centenária Olívia Palito, antes de ser atualmente conhecida como a namorada do marinheiro Popeye, coadjuvante em seus desenhos, foi por dez anos a personagem principal de sua própria história em quadrinhos.
(*2) - Há quem estabeleça a data de 17 de maio de 1890 como o marco inicial das histórias em quadrinhos, pois nesse dia foi lançada por Alfred Harmsworth (1865 - 1922) a revista Cult Comics que, embora possuísse mais textos, apresentava narrativas desenhadas, obtendo enorme sucesso. Entretanto, existe também os que mencionam Nhô Quim, criado em 1869 pelo ítalo-brasileiro Angelo Agostini (1843 - 1910) para o jornal Vida Fluminense.

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