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COLUNISTA
Marcelo Sguassábia
01/10/2019 - 06h32
Paçoca-moeda
 
 

Paçoca é um negócio viciante. Heroína é fichinha, é só o feminino de “herói” perto do poder de dependência do singelo docinho de amendoim, tão inocente na aparência. O paçocainômano perde o humor, a diplomacia, a razão, a estribeira e até os valores básicos da educação de berço se faltar a Santa Helena nossa de cada dia.

Agora, aparece no mercado a paçoca-moeda - a versão diet da paçoca-rolha. Não é difícil imaginar o porquê do nome “paçoca-moeda”, bem como seu formato e especialmente sua espessura. Concebida para o dependente em fase de semi-abstinência, algumas versões chegam a ser mais finas que uma hóstia.

A exemplo das paçocas-rolha, a embalagem contém também 50 unidades. A grande diferença em relação ao modelo rolha está na altura do produto, que de aproximadamente 4 centímetros encolheu para 3 milímetros. Já o preço, duplicou. Ou quadruplicou, a depender da região, da lei da oferta de da procura e da quantidade de obesos mórbidos por quilômetro quadrado.

E aí caímos no inexplicável paradoxo de quase todos os produtos apregoados como diet, light, sugar free, leve, baixos teores e congêneres. Se a formulação tem menos açúcar, menos gordura e menos tudo quanto seja ingrediente engordativo, é natural que o preço também seja magrinho. Afinal, é uma versão econômica e não “anabolizada”, se comparada ao original. Entretanto, observa-se o contrário. A impressão que se tem é que o fato de deixar de acrescentar glicídeos, lipídeos e carboidratos custa mais caro que incluí-los na porcaria. Alguém consegue entender este perverso e invertido raciocínio? Em peso líquido, diminuição de 500 g para 75 g. No preço, aumento de R$ 8,75 para R$ 14,20. O consumidor diz “amém”, leva de bom grado e consciência tão leve quanto a fórmula do rótulo.

O duro mesmo é quando, nas clínicas de recuperação, depara-se com um paçocainômano que, além do vício, apresenta também obesidade. Aí o rehab é tenso. Fora a questão da dependência física e psicológica, há que se lidar com a necessária perda de peso e o drible na sensação de saciedade provocada pela ingestão de amendoim. Daí o surgimento de um bem articulado esquema de tráfico de paçocas-rolha, comandado por gente infiltrada nas próprias clínicas. Um círculo vicioso que perpetua o consumo da droga e mantém o usuário refém de uma quadrilha criminosa - que começa no plantador de amendoim e termina nos enfermeiros dos hospitais de desintoxicação. E para desmontar esta cadeia, será preciso muita moeda. De metal, não de paçoca.


Nota do Editor: Marcelo Pirajá Sguassábia é redator publicitário em Campinas (SP), beatlemaníaco empedernido e adora livros e filmes que tratem sobre viagens no tempo. É colaborador do jornal O Municipio, de São João da Boa Vista, e tem coluna em diversas revistas eletrônicas.
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