Santa Casa de São José dos Campos, referência em transplantes de fígado, fará campanha de conscientização
Embora o Brasil seja referência na área de transplantes, como o 2º maior transplantador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, o índice de doação ainda é muito baixo, em razão da recusa dos familiares. De janeiro de 2015 a julho deste ano, dos potenciais doadores, vítimas de morte encefálica notificadas na Santa Casa de São José dos Campos, em 71,5% dos casos as famílias recusaram a doação de órgãos. De acordo com o Registro Brasileiro de Transplantes (Veículo Oficial da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos), a taxa de não-autorização familiar no Brasil é de 43%, quando a média mundial de recusa é em torno de 25%. Em 2018, a taxa de doadores efetivos no país cresceu apenas 2,4% (3.531 em números absolutos de doadores efetivos), 5,5% abaixo da taxa prevista. Neste mês, campanha denominada Setembro Verde reforça a importância do ato de doar órgãos (o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos é celebrado em 27 de setembro). Após a morte encefálica, é possível doar córnea, coração, pulmão, rins, fígado, pâncreas, intestino delgado, tendões, ossos e pele. Cada doador pode salvar oito vidas ou mais. A Santa Casa de São José dos Campos é referência em transplante de fígado e, atualmente, 40 pacientes aguardam na fila de espera pelo órgão. Em janeiro, a entidade recebeu credenciamento para transplante de rins e retirada de órgãos e tecidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Entre os dias 23 e 27 de setembro, a instituição filantrópica promoverá série de ações para conscientizar a doação de órgãos. A programação conta com distribuição de panfletos informativos, palestras sobre o tema e decoração alusiva à campanha Setembro Verde. “Existe ainda um desconhecimento sobre a doação de órgãos, o que dificulta essa questão. Por isso, é importante disseminar cada vez mais informações para que as pessoas entendam o quão valoroso é esse gesto e que poder salvar tantas vidas é também uma maneira de manter vivo o ente querido, fazendo esse bem”, fala o coordenador do setor de transplantes da Santa Casa de São José dos Campos, Dr. Jorge Padilla. O especialista ressalta a importância de o tema ser tratado no dia a dia. “Muitas pessoas argumentam que desconheciam o desejo do familiar de ser um doador. Pode soar estranho dialogar sobre isso quando se está saudável, mas expressar essa vontade, com tranquilidade, é mais fácil a compreensão, do que a explicação acontecer no hospital, em um momento no qual a família está extremamente abalada”. Morte encefálica A falta de conhecimento sobre a irreversibilidade da morte encefálica é uma das principais causas de recusa de doação de órgãos. A morte encefálica é a perda completa e irreversível das funções encefálicas (cerebrais), definida pela cessação das funções corticais e de tronco cerebral. A constatação é feita por médicos com capacitação específica, utilizando critérios precisos e padronizados. De janeiro de 2015 a julho deste ano, dos registros de morte encefálica notificados na Santa Casa de São José dos Campos, 56,2% dos pacientes não eram potenciais doadores por contraindicação médica. A doação não é possível em casos de pacientes com insuficiência orgânica que comprometa o funcionamento dos órgãos e tecidos que possam ser doados; portadores de enfermidades infectocontagiosas; pacientes em sepse; portadores de neoplasias malignas; de doenças degenerativas crônicas e com caráter de transmissibilidade.
|