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Internacional
18/05/2004 - 07h22
Comunismo e propriedade privada
Edla Lula - ABr
 

A viagem que começará na sexta-feira (21) não será a primeira do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China. Embora nunca tenha sido referência para o Partido Comunista Chinês (PCCh) - que historicamente se reportou ao Partido Comunista Brasileiro (atual PPS) ou ao Partido Comunista do Brasil -, o PT vem buscando estreitar relações com o partido que desde 1949 governa a China.

Em 2001, como presidente de honra do Partido dos Trabalhadores, Lula foi ver de perto o "socialismo à chinesa", que conseguiu tornar os Estados Unidos parceiros estratégicos no comércio.

Exatamente um mês antes do embarque do presidente, uma comitiva do PT, chefiada pelo presidente do partido, José Genoíno, esteve em Pequim e outras três cidades. Eles assinaram um protocolo de cooperação com o Partido Comunista da China (PCCh) para troca de experiências em áreas como desenvolvimento econômico, política, diplomacia e cultura. "A China consegue administrar a propriedade pública, privada e estatal de forma integrada. É um país que se abriu para o mundo sem se desintegrar, e para o PT é importante estudar o que aconteceu na China há 20 anos até os dias de hoje", avalia Genoíno.

Abertura

Desde que o presidente Deng Xiaoping iniciou o processo de abertura econômica da China, em 1979, com a criação das Zonas Econômicas Especiais, a propriedade privada, inclusive estrangeira, vem encontrando acolhida no partido. Em março, o Parlamento aprovou a regularização da propriedade privada e hoje as "empresas patriotas" formam, com a intelectualidade, o proletariado e o campesinato, os pilares do pensamento comunista chinês.

"Dezenas de milhares de empresas estrangeiras estão presentes na China e atuam sem problemas. O que falta é o interesse das empresas brasileiras", diz o presidente da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico, Paul Liu, ao descartar qualquer dificuldade de penetração no país pelo fato de se tratar de um regime fechado.

Pascoal Bordignon, gerente-geral de desenvolvimento da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), que atua no mercado chinês desde a década de 80, concorda e diz que não há mistério para entrar no país comunista. "Ao contrário, o chinês quer parceria. Podemos verificar isso pelo fato de eles terem enviado muito mais missões empresariais ao Brasil do que nós à China. O que o empresariado brasileiro tem que fazer é arregaçar as mangas e atravessar o Pacífico", recomenda.

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