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Opinião
16/06/2019 - 07h11
Digitalização e humanidade
Emanuel Santana
 

Como olhar para o futuro e ver um mundo que ainda não existe? Não há tecnologia que possa fazer esse trabalho. Em novembro de 2017 a revista científica Nature publicou uma pesquisa revelando que o cérebro humano é capaz de olhar o futuro de fato. Obviamente, é bem mais fácil olhar segundos à frente no tempo, do que décadas.

A clareza com a qual se enxergará o futuro dependerá da liberdade concedida aos sentidos, percepção e imaginação. O ponto de partida também irá influenciar aonde se poderá chegar. No contexto da revolução tecnológica digital é preciso ter em mente dois princípios:

O digital não é fruto do humano e sim a sua essência. Entender o digital como a semente da vida, considerar que o DNA é essencialmente um código de informações que programam e coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos.

A conexão entre homem, tecnologia e natureza. Nessa nova trindade, a tecnologia é o meio pelo qual os homens dominam a natureza da qual também fazem parte.

Heróis e vilões: homens e máquinas

Há dez anos homens e máquinas salvaram a vida do meu filho do meio, Tiago, e continuam salvando todos os dias, desde que ele nasceu. Tiago tem uma síndrome rara, Síndrome de Ondine, que faz com que ele não sinta falta de ar, nem tenha o controle autonômico da respiração. Todas as noites ele precisa de uma máquina para respirar e de um humano para velar seu sono. Minha experiência nesta última década evidencia que a discussão central do futuro não é homem versus máquina, mas sim homem mais máquina e homem versus próprio homem.

A singularidade tecnológica, homem mais máquina, seria um processo em curso iniciado há cerca de 3 milhões de anos. Bem anterior às transformações digitais da tecnologia, o osso, o fogo, as ferramentas de pedra, a agricultura, a roda e tantas outras ferramentas que modificaram a maneira como o homem se relacionava com a natureza e ao mesmo tempo, modificaram o próprio ser humano profundamente. Poder consumir mais proteínas foi fundamental para o desenvolvimento do seu cérebro e, por consequência, para o desenvolvimento da escrita, registrando e amplificando o pensamento para além do encéfalo.

Do registro à produção, distribuição e consumo em escala global, o livro, com o tipo móvel de Gutenberg, possibilitou escalar a educação para o mundo, modelando as pessoas para o emprego na Revolução Industrial. Quando as palavras já não eram suficientes, foi preciso escrever com a luz, fotografar, dominar o som e imagem para compartilhar a vida em um mundo digital onde o ser humano novamente passou a se reinventar.

O futuro entre desejos e medos

Se na lei de Moore, a capacidade de processamento dos computadores dobrava a cada 18 meses com os mesmos custos, muito mais veloz é a multiplicação do desejo humano, a despeito de seus custos. Agora que já se decifrou o código da vida, o homem quer reescrevê-lo à sua vontade, retardar o envelhecimento com a nanotecnologia molecular e engenharia genética, substituir continuamente componentes defeituosos do corpo para uma possibilidade de vida ilimitada ou mesmo carregar a consciência pós-morte em uma supermáquina.

Em oposição à perspectiva da abundância está o temor do homem de que a criação de uma superinteligência artificial, com níveis superiores a toda inteligência humana, possa substituí-lo ou até mesmo eliminá-lo.

Provavelmente, nenhuma das duas previsões acontecerá de fato. Quem tiver sorte experimentará um futuro resultante das forças desses opostos e terá que reaprender constantemente em um mundo que desafiará cada vez mais a inteligência humana e colocará em xeque suas crenças com muito mais frequência.

Relembrando, este processo começou há pelo menos 3 milhões de anos e é, obviamente, irreversível. A novidade é que o mundo está no limiar de uma nova revolução, já experimentando mudanças radicais no modo de vida que irão se aprofundar ainda mais.


Nota do Editor: Emanuel Santana é publicitário, mestre em educação, diretor do Sistema de Ensino e Inovação da rede CNEC e diretor de comunicação da AbraCCHS - Associação Brasileira das Famílias, Amigos e Pessoas com CCHS - Síndrome de Ondine.

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