Seremos, gente do Brasil, devorada pelos dragões, de que nos fala Borges, quando os cinco dragões, reis dos mares, deixam seus castelos resplandecentes das profundezas? Todos filhos de Netuno, vêm à superfície, um a ocupar o centro, os demais os pontos cardeais, ocupam uma légua de comprimento e ao revirar-se provocam colisões entre nossas montanhas. Estarão, vestidos de armaduras amarelas, observando-nos famintos sob nossas janelas, deslocando as minas que pelos menos já não são gerais, mas fazem estragos fatais? As barbas de seus focinhos, as pernas e as caudas peludas, continuarão a nos impor temores vindos do inferno, por quanto tempo seus olhos chamejantes do demônio, ainda permanecerão à nossa espreita, antes de voltarem, a seus reinos das águas profundas que nos engolfaram? Nossa esperança é expungir a pérola desses dragões pendurada em seus pescoços e que lhe dão todo poder nela se concentra o imenso querer do Leviatã o Estado inimigo que nos oprime e nos faz tristes. Lancemos fora de seu alcance a pérola dos monstros para reconstruir as casas destelhadas e nossas vidas que se amargaram. Nota do Editor: Amadeu Roberto Garrido de Paula é advogado especialista em Direito Constitucional, Civil, Tributário e Coletivo do Trabalho e fundador da Garrido de Paula Advocacia. É autor do livro Universo Invisível e membro da Academia Latino-Americana de Ciências Humanas.
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