Uma senhora, professora, estava a conversar com seu filho, a respeito dum colega de ofício. Dizia ela que os alunos estavam revoltados porque teriam aula com o referido e que, segundo os infantes, eles não gostam do tal professor. O garoto, com uma serenidade confuciana, disse, laconicamente, para sua mãe: “como se isso importasse”. De fato, como se isso fosse realmente importante. O professor não está em uma sala de aula para ser amado, para ser o palhaço de todas as horas e estar disposto a atender os caprichos de cada momento duma multidão de mancebos. Ele, o professor, não vai para uma sala de aula para agradar, para paparicar ou bajular. Nada disso. Ele ali está para ensinar. No frigir dos ovos isso é o que realmente importa. Quanto ao resto, seria apenas adereço; e as tenras gerações deveriam, desde cedo, serem admoestadas a entender que o espaço escolar não é um lugar para farrear ou pra zoar. É para aprender e, se possível, amadurecer. Eles, os educandos, deveriam ser levados a tornarem-se cônscios de que aprender não é algo prazeroso. Deveríamos dizer-lhes essa verdade sem firulas. Sim, a satisfação pode até fazer parte, mas não é o todo, nem o fundamento do aprendizado. Aprender, na maioria das vezes, é uma atividade que exige de nós um significativo esforço e uma baita concentração e, com o perdão da palavra, zoeira e diversão, na maioria dos casos, apenas contribui para nos levar a dispersão, a não compreender que o trabalho duro, que o esforço abnegado, necessariamente antecede a realização de qualquer coisa. Resumindo, o garoto estava certo e, com suas poucas palavras, demonstrou uma serenidade, uma sabedoria que infelizmente não mais se faz presente entre nós. Ele lembrar-nos que antes de qualquer coisa devemos procurar ser úteis porque, se não o formos, acabaremos não sendo prestativos e, consequentemente, não nos tornaremos bons e, por conseguinte terminaremos nos tornando cidadãos criticamente manhosos, caprichosos e sem serventia alguma e, por isso mesmo, barulhentos pra caramba. Fim de prosa. Já está na hora duma xícara de café.
Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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