A cobiça pela glória, pela vã glória, é uma ilusão agridoce que move o coração de inumeráveis tolos pretensiosos. A mesquinhes, o apenamento frente a vida e aos seus desafios, também não deixa de ser outra forma de ouro de tolo que atrai os olhos preguiçosamente ingênuos. Um e outro, cada qual com seus dilemas existenciais, com suas limitações morais, está procurando um subterfúgio para justificar os erros demasiadamente seus. Uns pela ilusão de ser destinado a realização de hipotéticos grandes feitos, outros pela fantasia de que sua pessoa não seria digna de nadica de nada, nem mesmo dum lugar à margem da vida. Bem, mas qual seria o cantinho que nos caberia desse grande latifúndio da vida? Qual? Não sei dizer. Bem, seja como for, uma coisa é certa: grande ou pequeno, glorioso ou simplório, o nosso cadinho da existência deve ser conquistado por nós e, se assim procedermos, por menor que seja a fatia do bolo existencial, ela preencherá nossa vida de sentido. E, assim o é, porque essa conquista, ao seu modo, acaba sendo a realização de nossa personalidade, daquele que nós devemos ser. Fim. Pausa para o café.
Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
|