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Opinião
21/03/2019 - 07h41
Do bullying à loucura
Montserrat Martins
 

“Obsessão por games, abandono dos pais e bullying marcaram vida de atirador”, diz matéria jornalística sobre a tragédia paulista, onde dois jovens mataram outros oito e se mataram. Sequer usavam drogas, segundo a reportagem que ouviu familiares, que não imaginavam a possibilidade de comportamento violento.

Como já aconteceu em casos semelhantes, em várias partes do mundo, os homicidas/suicidas tinham sido vítimas de bullying de colegas. Estratégias de enfrentamento do bullying no ambiente escolar se tornam indispensáveis, no contexto do mundo atual.

Mas outro fator relacionado ao caso requer mais atenção ainda e é mais difícil de resolver: a desestruturação familiar, que é de assustadora frequência no nosso país, com jovens fruto de relações eventuais, que resultam sem ser criados nem pela mãe e nem pelo pai, mas por avós.

Por mais amorosos que sejam os avós, muitas vezes chamados de mãe e pai pelos jovens, porque desempenharam esses papéis, eles não podem impedir o sentimento de rejeição com o qual as crianças crescem, sabendo que os genitores biológicos não desejaram criá-los.

Quando vem a sofrer bullying na escola, que pode ser muito violento psicologicamente, sentimentos de rejeição inconscientes, traumas do passado, podem vir à tona e desestruturar o ego frágil desses jovens, pois a vivência da desestruturação familiar pode resultar, sim, na introjeção desses conflitos e na desorganização da identidade pessoal, cujo grau extremo é a psicose, a popular “loucura”.

Transtornos mentais são considerados, hoje, como decorrentes de fatores múltiplos e não únicos, ou seja, de um somatório de fatores biológicos, psicológicos e sociais. O bullying pode ser o fator social desencadeante, o “estopim” de uma explosão de conflitos e traumas psicológicos nunca resolvidos e que podem viver no inconsciente durante décadas, só se manifestando de modo trágico já entre a adolescência e a vida adulta, como no caso dos dois jovens homicidas/suicidas.

O fato é que por mais grave que seja o bullying ele, por si só, não poderia “enlouquecer” jovens psicologicamente sadios e com adequado apoio emocional familiar que, quando vítimas de agressões psicológicas fora de casa, encontram apoio em casa ou são encaminhados pela família para o adequado apoio profissional.

Se já tem sido difícil para as escolas ter ações preventivas contra a cultura do bullying, imagine a dificuldade de prevenir, enfrentar e resolver o problema da desestruturação familiar. Mesmo assim, é tarefa imprescindível para nossa sociedade.


Nota do Editor: Montserrat Martins, colunista do EcoDebate, é psiquiatra, autor de “Em busca da alma do Brasil”. Fonte: Portal EcoDebate (www.ecodebate.com.br)

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