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Que o palmito é uma iguaria fina e de grande aceitação no mercado, tanto no Brasil como no exterior; que as palmeiras das quais se extrai o palmito desempenham um papel essencial para a manutenção do ecossistema da Mata Atlântica; que a maioria do palmito encontrado nos supermercados e restaurantes vem de corte ilegal geralmente feito dentro das Unidades de Conservação (Parques Estaduais, Nacionais, Estações Ecológicas); que a maioria das áreas que compõe o Parque Estadual da Serra do Mar, na região de Ubatuba, não foram efetivamente desapropriadas; que a taxa de desemprego é grande e a criação de empregos deve ser meta de governo das administrações, municipais, estaduais e federal; são realidades cotidianas da nossa população. Equacionando o enunciado anteriormente, sugiro a adoção de medidas que propiciem a implantação de planos de manejo sustentado da palmeira juçara (Euterpe edulis Martius) - que produz um palmito tenro, macio e saboroso -, para que daqui a aproximadamente 10 anos possamos iniciar os cortes sem destruir a floresta. Assim, além de termos uma produção comercial estaríamos colaborando para a preservação de espécies do ecossistema da Mata Atlântica. A preservação da palmeira juçara está diretamente ligada à manutenção da biodiversidade da Mata Atlântica, uma vez que sua semente e seu fruto servem de alimento para diversos animais como tucanos, periquitos, sabiás, macucos, jacus, maritacas, jacutingas, porcos-do-mato, tatus etc. A importância da conservação da espécie também está relacionada ao período de sua frutificação. Por ocorrer no inverno, quando a maioria das outras árvores está sob estresse hídrico devido ao período seco, é um alimento fundamental na mata. O extrativismo ilegal, apesar de combatido nos últimos anos, continua dizimando as palmeiras nativas brasileiras, ameaçando principalmente a juçara, que antes era uma das plantas mais presentes em áreas de Mata Atlântica. Não falo aqui da produção de palmitos extraídos da palmeira pupunha por se tratar de palmeira estranha a Mata Atlântica, descaracterizando assim proposta de produzir preservando. Além do palmito (único item utilizado na extração ilegal) que serve de alimento para o homem, as palmeiras fornecem frutos, açúcar, óleo, cera, fibras, material para construções rústicas, matéria-prima para a produção de celulose, entre outros. A execução de planos de manejo, seguramente, inibiria a extração ilegal. O Legislativo e o Executivo de Ubatuba deveriam unir esforços na concretização de projetos que, como este, cria empregos, gera renda e colabora na preservação da Mata Atlântica, um patrimônio inigualável, com um potencial de recursos turísticos até agora sub utilizado.
Nota do Editor: Luiz Roberto de Moura é engenheiro civil e consultor de informática. Iniciou no jornalismo em 1970 como colaborador da Folha da Baixada. Na administração pública, em Ubatuba, dirigiu várias secretarias municipais. É o responsável pelo UbaWeb - O Portal de Ubatuba.
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