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O UbaWeb entrevistou o Eng. Ricardo Yazigi autor do Parecer Técnico da Ponte sobre o Rio Tavares, na região central de Ubatuba, SP.

Ricardo Yazigi é graduado em Engenharia Civil pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em 1978. Mestre em Ciências pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em 2008, no curso de Pós-Graduação de Engenharia de Infraestrutura Aeronáutica. Possui vários trabalhos publicados em Congressos nacionais e internacionais e mais de 36 anos de experiência na realização de Projetos de Fundações, Estruturas, Pavimentação, Reforços e Recuperação de Estruturas no Brasil e exterior.

UbaWeb - Quando o Sr. foi convidado pela Prefeitura a fazer a análise da Ponte sobre o Rio Tavares?

Yazigi - Na verdade o convite não partiu da Prefeitura e sim de um comerciante local. O Parecer foi feito em maio de 2017 e entregue à Prefeitura pelo comerciante.

UbaWeb - O Sr. poderia nos dizer quem é esse comerciante benfeitor?

Yazigi - Como não solicitei autorização à ele para divulgar prefiro não expô-lo.

UbaWeb - E qual era a situação da estrutura da Ponte na época do Parecer?

Yazigi - A estrutura estava em estado de degradação avançado com perda de concreto das vigas, armaduras expostas e muitas em estado de corrosão também avançado.

UbaWeb - O que nos pareceu é que apesar do estudo feito pelo Sr. a Prefeitura não deu a devida atenção e só após a divulgação de um vídeo com o estado da Ponte que teve perto de 100.000 visualizações que ela se manifestou.

Yazigi - De fato foi essa impressão que também tive.

UbaWeb - A Prefeitura o procurou para algum esclarecimento antes ou depois desse episódio?

Yazigi - Isso nunca ocorreu. Eu acabei fazendo um contato com o secretário de Obras à época para me colocar à disposição para esclarecimentos e orientações, mas nunca fui procurado.

UbaWeb - O Sr. acha que passados 1 ano e meio de seu estudo a Prefeitura já não deveria ter resolvido o problema?

Yazigi - Quando se trata de segurança acredito que não se deva arriscar. Uma vez fiz algumas análises para algumas Pontes da Via Dutra onde se têm centenas de milhares de passagens diárias de veículos pesados, e no meu Parecer fiz uma estimativa de risco e durabilidade da estrutura que no caso na pior situação era de 3 anos. A concessionária se adiantou bastante ao prazo para não correr riscos.

UbaWeb - O Sr. acha que no estágio atual a Ponte poderia desabar?

Yazigi - Não realizei Vistoria recente, mas pela minha última vistoria realizada espontaneamente há 6 meses diria que a situação é crítica. A Prefeitura deve priorizar a obra de recuperação antes que seja tarde demais.

UbaWeb - O Sr. está dizendo que estamos arriscados a ter vítimas na Ponte?

Yazigi - Não posso afirmar de forma categórica, pois não fiz vistoria recente, mas estou bastante incomodado com a situação. O poder público tem que ter mais responsabilidade com o bem público, principalmente quando envolve riscos à vida humana.

UbaWeb - O Sr. encontrou o Prefeito alguma vez nesse período para alertá-lo da gravidade?

Yazigi - Recentemente, há aproximadamente um mês o encontrei ao acaso e o alertei sobre os riscos e necessidade de intervenção urgente.

UbaWeb - E qual foi a resposta dele?

Yazigi - Foi uma resposta padrão que vai resolver a questão. Mas isso já faz um mês ou mais e ainda não vi movimentação na Ponte.

UbaWeb - O Sr. está tranquilo em passar por cima da Ponte?

Yazigi - Na verdade não estou. Estou realmente preocupado com a população e com os turistas que a utilizam. Mesmo não se dando uma ruptura abrupta pode-se ter uma grande deformação e causar algum acidente.

UbaWeb - Como aconteceu no viaduto da Marginal de São Paulo?

Yazigi - São estruturas e casos completamente diferentes, mas de certa forma a deformação excessiva da estrutura poderia causar um acidente.

UbaWeb - Então estamos correndo riscos?

Yazigi - Como já disse não posso afirmar sem nova avaliação, mas pelo estado atual que vi nas fotos já passou da hora do poder público agir sob pena de pagar muito caro por esse erro no futuro. A Prefeitura está se arriscando muito quando deveria levar o problema mais a sério e não encará-lo como uma simples reforma. Afinal a desconfiança é a mãe da segurança.