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SEÇÃO
Crônicas
11/11/2018 - 06h54
Chatos, insossos e complicadores
Dartagnan Ferraz
 

Acho que todos os que gostam de ler já leram os romances e contos de Machado de Assis, se não toda a obra, mas parte, também parte do que escreveu Graciliano Ramos, Jorge Amado. Érico Veríssimo, Lima Barreto... Leram também uma parte das crônicas de Rubem Braga, Fernando Sabino, Nelson Rodrigues... Alguns, caso deste véio meio mobral, passaram a vista em textos de Maquiavel, Platão, Montesquieu... Mais: leram vários poemas de Bandeira, João Cabral, Cecília Meireles, Castro Alves, Vinicius de Moraes. Cora Coralina...

Esses escritores têm algo em comum: não complicaram a escrita. Escreveram, até os filósofos, de maneira legível. fácil, sem complicar, sem amostramento, a maioria até com leveza e uma pimentinha de humor e, claro, estilo próprio.

No entanto, mesmo sem pertencer a esse time de notáveis das letras, há alguns metidos a bambambãs que fazem de um tudo para complicar a escrita. O motivo é óbvio e ululante: são ruins de pegada, não possuem criatividade, muito menos humildade, são incapazes de tentar possuir um estilo próprio, coloquial, colocar algum tempero no vatapá literário, então apelam para a prolixidade, autoelogio ou destilar raiva, rancor, ressentimentos e ódio, sobretudo o de classe. Não raro querendo até, pasmem, ser professores e procuradores de Deus e de Jesus Cristo.

Surfam adoidados de preferência na pregação do rancor, as vezes tentam disfarçar o objetivo com demonstração de cultura, essa cultura de almanaque, não possuem de jeito nenhum a cultura que ostentam ou fazem reclame. Cultura possui quem não ostenta, faz reclame, se autoelogia. O reconhecimento da cultura só é legitimado pelos leitores. E priu.

Não leio os chatos. Por que são de direita? Claro que não, leio com muito prazer quem é direitista, conservador, quem discorda radicalmente do que penso, mas que escreve sem amostramento e é humilde, correto, não apela para o ódio e nem para esse frisson de querer ser notável em compotas. Se tenho raiva desses bestalhões? De jeito nenhum, não leio as baboseiras deles para não rir muito porque se rir muito a asma me pega. Às vezes, creiam, penso que se trata de coisa do pessoal da zorra geral ou do pânico. Juro.

No mais, apenas para concluir, como diziam os oradores cansativos, vou citar o que disse Chaplin acerca dos complicadores: "O assunto mais importante do mundo pode ser simplificado até ao ponto que todos possamos apreciá-lo e compreendê-lo. Isso é - ou deveria ser - a mais elevada forma de arte". Inté.

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