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Opinião
17/10/2018 - 07h24
Tratar bandido como bandido?
Montserrat Martins
 

Qual o “recado das urnas” das eleições 2018? Numa linguagem crua como a do vencedor do primeiro turno, eu diria que a mensagem é “tratar bandido como bandido”. O segundo colocado, Haddad, dá ênfase a programas sociais, mas uma avalanche de votos para Bolsonaro - que quase decidiram a eleição no primeiro turno - mostra que a população está mais interessada em aumentar o policiamento.

A maioria dos novos eleitos tem perfil conservador, em contraste com os governos eleitos nas 4 eleições anteriores. O eleitor deu um voto “à direita” em relação às eleições anteriores, por entender que o momento exige isso.

Há outras mudanças, claro, que expressam um desejo de renovação da política. Muitas figuras carimbadas da política não se elegeram (do Romero Jucá à Dilma, passando pela filha do Cunha) e nomes menos famosos estarão na Câmara, Senado e até em governos estaduais.

O discurso dos programas sociais, da educação e da saúde foi amplamente superado pelo demanda por segurança pública. Num momento em que o país chora mais de 60 mil mortes por ano, as pessoas dão absoluta prioridade ao fortalecimento das polícias. Afinal, 4 eleições sucessivas baseadas no discurso dos programas sociais não resolveu nem diminuiu de modo significativo a criminalidade, o povo decidiu que é hora de endurecer na repressão ao crime.

Não sabemos exatamente como isso será feito, nem qual será o resultado, mas não há outro modo de entender o chamado “recado das urnas”. As pessoas querem dizer algo com o seu voto e esse nos parece o melhor entendimento.

Vi no Facebook uma foto de perfil com uma legenda curiosa, “Coiso 17”, com quem postou ironizando o apelido dado ao seu candidato pelas esquerdas. Já vi petistas também assumirem o apelido de “Petralhas” como também muitos já se assumiram como “coxinhas”, “mortadelas” etc. Na disputa ideológica as ofensas recíprocas de “corruptos” ou “fascistas” talvez um dia gerem memes mais irônicos e satíricos do que o atual grau de agressividade sugere, nas redes sociais.

A maioria dos eleitores, no entanto, estão pensando mais na sua vida prática, cotidiana, do que nas brigas entre direita x esquerda. As pessoas querem sobreviver e hoje em dia, parece, tem mais medo de levar tiro na rua do que qualquer outra coisa. As próprias escolas e postos de saúde, nas regiões mais populares, tem dificuldades em funcionar devido à falta de segurança.

Muitas “leituras” serão feitas dessas eleições, essa é uma delas, simplificada no que parece mais essencial aos eleitores. Muitos dizem, inclusive, que sabem que há “efeitos colaterais” mas não adianta, no momento, não tem outro jeito. No momento, parece, é o que a maioria acredita.


Nota do Editor: Montserrat Martins, colunista do EcoDebate, é psiquiatra, autor de “Em busca da alma do Brasil”. Fonte: Portal EcoDebate (www.ecodebate.com.br)

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