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Arte e Cultura
07/09/2018 - 07h12
A evolução da animação
Daniel Bydlowski
 

Lançado recentemente, Os Incríveis 2 conta a história da família Pera, que tenta conquistar espaço em uma sociedade que não os dá a chance de usar os superpoderes para salvar vidas. A animação, claramente, mostra a história e os avanços da arte que possibilitaram não somente um estilo único, mas também a existência do próprio enredo.

A animação começou há muito tempo atrás, ainda na era paleolítica. Os desenhos pré-históricos de animais parecem se mover quando a caverna é iluminada por tochas de fogo. A cintilação e o movimento da tocha só iluminavam alguns elementos do desenho de cada vez, dando a impressão que este estava em movimento.

Esta era apenas uma das técnicas usadas pelo homem da pré-história para dar vida a figuras inanimadas, um objetivo que desde então foi aprimorado, encontrando no cinema o meio perfeito para seu desenvolvimento. E foi em 1908 que o encontro da animação com o cinema aconteceu, com artista francês Émile Cohl criando Fantasmagorie, o primeiro desenho de animação tradicional, ou seja, desenhos pintados a mão.

Embora Fantasmagorie apenas mostre homens de palito em movimento, foi graças a esta técnica que os estúdios Disney colocaram sua permanente marca na história da animação. Começando com desenhos que eram voltados para comédia, a Disney então começa a inovar, não somente animando criaturas antropomórficas, como o Mickey Mouse, mas também descobrindo que a animação pode ser usada para contar histórias de cunho emocional.

E foi com A Branca de Neve e os Sete Anões (1937), o primeiro longa de animação, que a Disney mostrou que desenhos podem ter o mesmo impacto emocional que qualquer filme. Pela primeira vez, os animadores tiveram a impressão de que um desenho poderia falecer, quando a personagem Branca de Neve cai no chão de uma grande distância. Isto mostrou a preocupação por uma personagem animada, como se esta fosse real. Esta descoberta possibilitou, dezenas de anos depois, que filmes de animação tenham enredos complexos e que o público torça para que personagens animados consigam seus objetivos, assim como personagens reais. Ou, em Os Incríveis 2, que a família superpoderosa salve a cidade!

Enquanto desenhos a mão se desenvolviam a cada ano, uma outra técnica de animação também evoluía, o stop-motion, no qual bonecos e objetos são fotografados cada vez que estes mudam de posição. Quando as fotografias são colocadas em sequência, há a impressão que os objetos se movem. A evolução desta técnica, que começou em 1897, produziu bonecos cada vez mais complexos que fazem parte não somente de animações consagradas, como A Fuga das Galinhas, dos estúdios Aardman, mas também de filmes de live action, como Star Wars (para aqueles que conhecem o universo do filme, o transporte AT-AT walker original foi criado por esta técnica).

Foi somente nos anos 40 que o desenvolvimento de uma nova técnica de animação iria possibilitar a criação de filmes como Os Incríveis: a animação por computador, conhecida como CG (Computer Graphic). Surgindo em formas mais primárias desde os anos 40, o CG se expandiu incrivelmente nos 90, especialmente usada em filmes como Jurassic Park. Mas antes desta popularidade, artistas e estúdios já pensavam em usar a tecnologia para criar animações. Em 1974, a Pixar surgiu, fundada por Alexander Schure, dono de uma empresa de animação tradicional que acreditava na possibilidade dos efeitos serem realizados por computadores.

A empresa sempre foi cobiçada e mudou de mãos várias vezes e, mesmo com curtas de sucesso vencedores até do Oscar, como Luxo Jr. (a lâmpada famosa da companhia), a empresa realmente se firmou com seu primeiro longa, Toy Story, em 1995. Este tipo de animação usa tanto os desenvolvimentos das técnicas tradicionais e de stop-motion, como as expressões faciais ligadas as emoções humanas desenvolvidas pela Disney e corpos de personagens que contam com um esqueleto, possibilitando movimentos complexos. Mas a animação CG também inova por si própria, sempre desenvolvendo técnicas que vão desde a textura de objetos até a gravidade. O objetivo é tornar o mundo animado cada vez mais real, embora mantendo o seu aspecto caricato.

E a união de todas estas técnicas é presente em Os Incríveis 2 que, literalmente sendo parte da Disney e da Pixar, mostra expressões faciais da animação tradicional, a tridimensionalidade dos corpos do stop-motion e a textura real do CG, todas com o mesmo objetivo do homem paleolítico: dar vida a objetos inanimados.


Nota do Editor: Daniel Bydlowski, cineasta premiado e artista de realidade virtial,sempre tenta conscientizar as pessoas com questões sociais ligadas à saúde, educação e bullying nas escolas. Já ganhou prêmios como o Melhor Curta Internacional pelo Moondance International Film Festival, Melhor Curta Infantil pelo Newport Beach Film Festival e participou de varios outros, como animamundi. Daniel atualmente pesquisa sobre novas mídias e realidade virtual como o futuro do cinema.

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