Ninguém é indiferente ao sentimento de liberdade que Cecília Meireles tão bem cantou num verso: "Liberdade, esta palavra que o sonho humano alimenta, que não há quem explique e quem não entenda". Na verdade, o sentimento de liberdade é quem embala os sonhos do ser humano. Mesmo os escravos nas galés, acorrentados, remando e açoitados, sabendo qual seria o seu triste destino, sonhavam com a liberdade, mantinham a esperança - o soninho do homem acordado, e era isso que os mantinha vivos. Em relação àqueles absurdos, o ser humano hoje é realmente livre? Acho que não é totalmente livre, é parcialmente livre, porque todos, em qualquer parte, somos submetidos a normas, condições, leis, convenções e, de certa forma, submetidos a algumas correntes. Ninguém é totalmente livre. Ninguém. Não são livres americanos, nem suecos, nem ingleses, nem franceses... e muito menos brasileiros. Somos todos dependentes da força das circunstâncias. São elas que nos governam. Não somos livres totalmente de jeito nenhum. A liberdade seria então relativa? É claro que sim. Sempre foi, mesmo no que diz respeito aos mais ricos. Mesmo estes dependem da segurança, vivem com medo, dependem de bolsa de valores, mercado e ainda vivem em pânico com medo de uma revolta do povo. Os ricos, hermanas e hermanos, vivem se borrando de medo. A liberdade total é um sonho impossível. Quero deixar bem claro que mesmo acatando a liberdade relativa, ela é essencial, até como utopia. Mesmo esse arremedo de liberdade me faz feliz. É melhor uma liberdade relativa, subordinada a certas limitações forçadas pela força das circunstâncias, do que nenhuma liberdade. Só para lembrar que a liberdade total é algo ilusório, parece um fantasma da intolerância, lembro uma frase de Madame Roland antes de ser guilhotinada em nome da liberdade total: "Ah, Liberdade, quantos crimes são praticados em teu nome!". Fiquemos com a liberdade relativa, sem o perigo das galés. Inté.
|