16/04/2024  13h17
· Guia 2024     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
13/07/2018 - 07h52
O poder bebe de novas fontes
Gaudêncio Torquato
 

O poder no Brasil começa a beber em novas fontes. Expliquemos. Espraia-se pelo país um fenômeno que terá impacto sobre nossa modelagem democrática. A sociedade ganha mais pluralismo, a partir da organização de suas entidades de representação, e nessa onda ocorre maior distribuição de poder e consequente alargamento dos caminhos para a democratização social. As pedrinhas do dominó vão se tocando. A democratização da sociedade civil adensa e amplifica a democracia política. Caminhamos firmes nessa direção e a prova mais eloquente dessa tendência se verifica na formidável malha de centros de poder instituídos em todos os âmbitos e níveis (associações, movimentos, grupamentos etc.).

Esse fenômeno enfraquece o poder político representado pela instituição parlamentar? De certo modo, sim. Até porque a esfera parlamentar padece de monumental crise de imagem. A formação de novos centros de poder no meio e nas margens da sociedade também tem por motivo a falta de respostas adequadas e tempestivas por parte do sistema parlamentar. Os mais de 30 partidos políticos constituem um ente amalgamado, massa frequentemente incolor e sem matiz ideológico, na esteira, aliás, do declínio geral das ideologias decorrente da debacle do socialismo clássico, da globalização e da quebra de fronteiras físicas, psicológicas e ideológicas entre países.

As doutrinas se aproximam e se fundem, enquanto o desempenho menos convicto dos participantes do universo partidário impregna os ambientes. As lutas políticas e sociais do passado, travadas sob o manto da clivagem ideológica, perderam sentido. Direita e esquerda cruzam seus ideários, enquanto o liberalismo e o socialismo procuram novos eixos conceituais, sob a vertente de que o primeiro demonstrou saber produzir riquezas, mas não saber como distribuí-las; já o segundo demonstrou saber distribuir riquezas, mas não saber como produzi-las. E é aí que surgem os “caçadores” da ideologia dos novos tempos.

É o que se vê aqui e alhures. As oposições partidárias levam em conta a tomada do poder central, ficando em segundo plano o embate ideológico. Que partido político tem, hoje, um projeto de poder? O que o PT prega? O socialismo clássico? Isso já era. O que pregam os partidos de centro, a partir do PSDB? O social liberalismo? Quais os limites desse sistema? Por isso mesmo, o oposicionismo se dá menos em função de uma visão ideológica do mundo e mais em função de projetos circunstanciais de poder, centrados na pragmática política e, sobretudo, inspirados nas vontades e expectativas dos novos polos de pressão da sociedade.

Já a ação política voltada para a conquista do poder leva em consideração a micropolítica dos grupos de interesse, das regiões, das comunidades locais. O processo político, no Brasil, se torna cada vez mais uma questão distritalizada, espacial. Basta ver a guerra fiscal entre Estados. Já a democracia participativa ganha alento com as manifestações e decisões dos cidadãos reunidos em suas entidades.

O fato é que os conjuntos organizados da sociedade recebem grande impulso - espaço e visibilidade - da mídia, que descobre na investigação, na denúncia e na cobertura de eventos de impacto uma forma de adensar a taxa cívica da Nação. Até parece que a sociedade organizada entoa o canto de Zaratustra (Nietsche) para expressar o estado de espírito da força social emergente: “novos caminhos sigo, uma nova fala me empolga; como todos os criadores, cansei-me das velhas línguas. Não quer mais, o meu espírito, caminhar com solas gastas”.


Nota do Editor: Gaudêncio Torquato, jornalista, é professor titular da USP, consultor político e de comunicação. Twitter@gaudtorquato

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2024, UbaWeb. Direitos Reservados.