Não se sabe de onde veio, apenas que apareceu em uma tarde fria. A menina estava sentada à porta enrolada em um cobertor quando ele se aproximou. Era grande e desengonçado, mas possuía lindos olhos que a fitaram amigáveis. A garota não teve medo, soube na hora que ganhara um companheiro.

Ela o chamou de Bidu e ele a adotou como dona.

Há meses a menina vinha sofrendo com uma doença desconhecida. Uma grande fraqueza a deixava prostrada. Era acometida por tosses e uma febre persistente. Os pais gastaram tudo o que tinham, mas a medicina não achava diagnóstico.

Bidu permanecia o tempo todo ao seu lado pulando, rolando, fazendo a rir. Durante a noite ele deitava aos pés da cama e ao mínimo movimento da criança ele estava de pé observando atento. Verdadeiro cão de guarda.

Na noite do falecimento os pais contam que acordaram com uivos tristonhos e ao entrarem no quarto viram o cachorro em cima da cama lambendo as mãos e o rosto da garota. Como se quisesse despertá-la. O mais estranho porém é que a filha parecia em paz e sorrindo. Há muito tempo eles não a viam tão serena.