Novo edital de concessão lançado pela Prefeitura pretende modernizar o serviço de ônibus na cidade de São Paulo ao reduzir o número de veículos e de linhas, obrigar a instalação de wifi, conexão USB, ar-condicionado e outras exigências. Mas, apesar de todas as novidades, as alterações não deverão alterar muito a rotina de sofrimento atual dos passageiros. O maior deles é a superlotação, seguido da espera angustiante nos pontos ou a longa duração das viagens – em 2016, um levantamento do Ibope mostrou que, na média, os usuários do transporte público paulistano gastaram 3h11 por dia para percorrer seus trajetos. Quase dez milhões de pessoas são transportadas nos mais de 13.500 ônibus da cidade de São Paulo. Ao fim de um ano, o número de passagens chega a 2,86 bilhões, entre pagas e gratuitas. Em número de linhas, a rede deverá passar das atuais 1.339 para 1.193 rotas com o novo edital. As empresas vencedoras da licitação poderão operar pelo prazo de vinte anos. A promessa de que a vida dos passageiros vai melhorar é isso – promessa, e está aquém das necessidades da metrópole. São Paulo poderia entrar realmente na era moderna desse transporte se incorporasse nova tecnologia à disposição baseada em infraestrutura de telecomunicações ,já testada e aprovada em várias cidades pelo mundo, como Barcelona, Londres, Lisboa, Amsterdam, Copenhagen, Oslo, Estocolmo, Seul, Singapura, Hong Kong ou Bogotá. Se a intenção é mesmo a de oferecer melhor qualidade de vida aos paulistanos, que se faça uma reforma completa, com uso intensivo dessas inovações. Ônibus inteligentes, dotados de tecnologia de última geração, podem rodar pela cidade transmitindo informações a uma Central de Operações: se já estão com a lotação máxima (evitando o desconforto da superlotação), se os pontos estão cheios, se há obstáculos em faixas e corredores. Essa Central, por meio de painéis eletrônicos instalados nos pontos, pode informar aos passageiros o tempo de espera até o próximo ônibus, enviando ao motorista um aviso para não parar após atingir a lotação e, principalmente, redistribuindo a frota de forma dinâmica: ônibus de linhas menos congestionadas fariam as rotas mais adensadas. Com essa fluidez em tempo real e sob demanda, os ônibus teriam a velocidade média aumentada, com mais conforto aos usuários, maior confiabilidade e melhora na imagem da empresa. O uso intensivo das telecomunicações permite a melhoria sensível da qualidade do sistema. Mas vão muito além os benefícios para os passageiros e os operadores do sistema. Por exemplo, na qualidade do serviço: - maior regularidade e redução dos tempos de espera; - acesso às informações por parte do usuário através de web, smartphones, painéis em veículos e paradas; - serviço Wifi de qualidade e de graça para os usuários; - maior segurança para as linhas noturnas e ou em regiões de conflitos. Dessa forma haverá melhora da imagem e do serviço da empresa, além de incremento da demanda. Sobre a gestão da rede: - controle da operação em tempo real. Pontualidade e confiabilidade; - melhoria da gestão da operação: acompanhamento de desvios dos horários reais e regularidade do serviço; cumprimento de níveis de serviço requerido (redução de multas ao concessionário); - aproveitamento intenso de recursos: melhora de produtividade e redução do custo por quilômetro percorrido; - economia em virtude de melhor planificação do serviço, o que possibilitará a otimização de horas de veículo e condutor ; - Melhor gestão das incidências, tempo de resposta para a restauração da normalidade; - informação do serviço: geração de dados de alta confiabilidade e desagregação à Dados precisos para a atenção de reclamações; - coordenação dos meios auxiliares da operação: carro-oficina, veículos auxiliares, pessoal de inspeção. Sobre custos globais: - redução de sanções por parte do órgão regulador-supervisor por uma maior confiabilidade da operação (+/-70%); - diminuição de fraudes na parte da bilhetagem (+/-80%); - a vídeovigilância aumenta o número de passageiros, que se sentem mais seguros (+/-20%); - economia de combustível: pelo controle de rotas, otimização dos percursos, eficiência (+/-30%); - menor custo ambiental (diminuição de poluentes do sistema) (+/-25%). Como o sistema é homologado, completamente integrado e com protocolos abertos, haverá garantia de sucesso (sistema provado e com garantias técnicas de funcionamento). Isso permitirá integrações com futuros sistemas da Prefeitura, o cumprimento integral do definido no edital e no futuro contrato de concessão. Além disso, a integração permite gerar informações completas de todos os elementos do sistema. Enfim, é o transporte do futuro, mas já em pleno uso em cidades do Primeiro Mundo e também entre os emergentes. A cidade não pode perder o bonde da história, a melhor oportunidade para fazer o sistema avançar e oferecer bem-estar a uma população que perde tanto tempo de sua vida sofrendo na espera e durante sua viagem de ônibus. Os paulistanos merecem. Nota do Editor: A engenheira Vivien de Mello Suruagy é presidente da Feninfra (Federação das Empresas Prestadoras de Serviços em Telecomunicações) e do Sinstal (sindicato nacional da categoria).
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