| Divulgação | | | | Alpinia. |
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Por estar vivendo na cidade de Ubatuba há mais de 14 anos, na região norte da cidade, estou envolvido com a Mata Atlântica por todos os lados. Sempre fui muito ligado às coisas da natureza, principalmente com as plantas, vocação herdada da minha falecida mãe. Minhas predileções se voltavam para algumas plantas de porte bastante robusto, formando grandes touceiras, oferecendo flores vibrantes e coloração bastante variada e exótica, com predominância do vermelho, amarelo, laranja e verde. Sua beleza e seu exotismo promovem verdadeiras esculturas, lembrando em sua forma pirâmides, bicos de aves, cascatas de flores, pinhais, ou cachos de banana. As folhas grandes, verdes, macias e com aspecto de enceradas, lembram as folhas das bananeiras: estas plantas são as heliconias e as alpinias. A partir desta observação, surgiu o amor e o interesse por estas espécies e, desde então, tenho sonhado em poder um dia possuir um plantio de forma ordenada, fazendo disso uma realização pessoal e ao mesmo tempo um meio de vida, em parceria com os produtores rurais e os indígenas locais, unindo o útil ao agradável. Com o decorrer destes anos, iniciei então um trabalho de pesquisa e ao mesmo tempo comecei a formar canteiros em minha casa e ao seu redor para poder, à medida que as plantas se desenvolvessem, aprender sobre seu manejo e quais as suas necessidades para um crescimento rápido, e oferecer ótimas flores. Aluguei dois hectares no bairro de Ubatumirim, em frente à rodovia Rio - Santos, cercados, já com uma pequena casa, onde reside um casal que está ajudando no plantio das primeiras mudas. Iniciei o plantio de mudas em local já desmatado e solo preparado. Tenho plantado nesse período aproximadamente 4.000 mudas, entre heliconias, alpinias e bastão do imperador. Heliconias três variedades, alpinias duas variedades (rubra e rosa). A intenção é plantar em um hectare 10.000 mudas aproximadamente, entre alpinias, heliconias e bastão do imperador. A preferência recairá sobre as espécies com maior aceitação no mercado, como bihai, rostrata, psitacorum, wagneriana, farinosa, estrelicia, caribaeae, chartaceae para as heliconias e para as alpinias, as rubras e as rosas. O objetivo é produzir, em parceria com os produtores locais, ensinando o plantio e a comercialização das flores. Temos idéia de criar uma cooperativa, trazendo os produtores da região para participar e gerar renda para todos. Poucas plantas traduzem tão bem o perfil tropical do Brasil quanto as heliconias e alpinias. Estas plantas, sempre tão exóticas e coloridas, são certamente um adereço a mais que a natureza exuberante do país do carnaval exibe com orgulho cada vez maior. Muito embora não estejam presentes apenas na América Latina, estas plantas que cada vez mais conquistam o mercado mundial de plantas ornamentais e arte floral são ainda, uma incógnita para a maior parte do mundo. De origem tropical, elas pertencem ao gênero heliconia/ceae da família musaceae, a mesma da bananeira do Brasil. Existem 40 espécies que se reproduzem naturalmente e a maioria na Mata Atlântica e na Amazônica. Os nomes que a designam variam de acordo com a região. As denominações mais comuns são: caeté, pacová, bananeira de jardim, bico de guará, ave do paraíso ou paquevira. A importância das flores tropicais nos demais estados do país e no mundo é sentida como tendência forte para o paisagismo. No setor de flores, tanto nacional como internacional, as heliconias e as alpinias, também estão em ascensão por causa da excentricidade, cores vibrantes, e muita durabilidade: elementos perfeitos para cair no gosto dos floristas. As heliconias e as alpinias vêm apresentando crescente comercialização no mercado internacional em função do aumento da área de produção nos países da América Central e América do Sul, proporcionando maior oferta do produto, conseqüentemente a sua divulgação. Os principais países produtores são a Jamaica, Estados Unidos (Hawai e Florida), Honduras, Porto Rico, Suriname e Venezuela. Existem também cultivos comerciais na Holanda, Alemanha, Dinamarca e Itália, mas sob condições protegidas que, sem dúvidas, encarecem o produto que se destina totalmente ao mercado de plantas de vaso. No Brasil já estão sendo implantadas áreas de cultivo nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Pernambuco, existindo projetos elaborados para os estados do Amazonas e Ceará. No Ceará, na região da Serra de Guará Miranga os produtores locais, que já estão famosos em Portugal, ocupam uma área de 7,5 ha. Aproximadamente. No 1º trimestre deste ano, foram enviadas 20.000 unidades de heliconias e alpinias, para o país europeu, ao custo de um real por haste. Espanha e Holanda serão os próximos clientes. Os principais importadores são os Estados Unidos. A empresa Holambra, comercializa qualquer quantidade de flores através de leilões efetuados diariamente em suas dependências, cobrando uma taxa de 8% sobre o produto vendido. Holambra é hoje a principal empresa compradora de flores do Brasil, também a maior exportadora destes produtos. Nos estados de Pernambuco e Alagoas, "A Floral" fechou contrato com empresários italianos e portugueses para exportar cerca de 3.000 flores por semana no primeiro ano ao custo de R$ 1,00 (hum real) por haste. A expectativa é que se deva exportar 10.000 flores todas as semanas para estes países. Para agregar um valor maior ao produto, uma das alternativas mais rentáveis tem sido os arranjos florais. As flores já começam a ganhar espaço e estão sendo muito utilizadas em decoração e ornamentação de eventos e festas, como as de casamento. A produção de flores rendeu ao Brasil, com as exportações no ano de 2004, valores acima de um bilhão de dólares. Se considerarmos também o movimento de vendas no mercado interno, veremos que as cifras atingem valores bastante expressivos, em torno de quinhentos milhões de dólares. Por se tratar de uma planta de fácil manejo, bastante resistente às intempéries e de muita durabilidade após o corte, chegando a duas semanas, concluímos que se trata de um produto de ganhos bastante significativos, pois os investimentos são relativamente pequenos e com um retorno do capital num prazo bastante curto. Nota do Editor: Sítio São Jorge, km 18 da rodovia BR-101 (Rio - Santos).
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