Iniciar pedindo desculpas pelas declarações de alguns dos seus integrantes, que se arvoraram de proprietários dos quiosques, seria o mínimo de respeito que a comissão dos permissionários da praia Grande deveria demonstrar no seu manifesto publicado em 01/07. Mais uma vez, perderam a oportunidade de demonstrar respeito pela cidade e pelos cidadãos de Ubatuba. Fica claro que tudo o que envolve a praia Grande é simplesmente como ganhar mais, como ter mais lucro, mais garantia da continuidade do próprio empreendimento. Que o problema principal é um atrapalhando os interesses ainda não alcançados de outros. O manifesto inteiro é um desfiar de interesses econômicos ofendidos ou almejados, fica claro que o que se pretende é sugar dinheiro da praia Grande até o último tostão. O resto que se exploda. Como eles mesmos dizem em seu manifesto, a praia Grande tem sido vítima de um grupo de empresários inescrupulosos, digo melhor, vários grupos. Empresários que só vêem o lucro imediato e não respeitam o bem maior da cidade e dos cidadãos. Em nome do dinheiro resulta que a praia Grande é uma sucessão de erros, inclusive os que eles cometeram em nome da necessidade (?) a que devemos somar o cansaço da sociedade a cada erro perpetrado. Descambar para o Judiciário foi decorrência natural. A discussão desta legalidade é antes de tudo um interesse de todos nós, supõem-se que é para isso que temos o Judiciário e não ao acalanto de interesses particulares ou eleitoreiros como a referida comissão se apressou em debitar. Se houve da parte deles, surpresa e indignação pela medida Judicial é sinal de o quanto eles vivem apartados da realidade do município em que dizem viver e aplicar os seus lucros. Querer imiscuir-se às reivindicações de comunidades como a Caçandoca é no mínimo falta de caráter, se pretendem um dia serem empresários é a lei do mercado que eles tem que aprender a enfrentar, se em 17 anos de atividades amparados pelo poder público não lhes deu poder de enfrentar adversidades, não será a implementação da irracionalidade que vai ampará-los. Se existe algum respeito pela praia Grande e pelo turista, devemos perguntar antes que ela acabe o que devemos fazer para que ela continue vivendo e nos encantando. A continuar a ocupação desordenada e sem critério como a que vemos hoje, não haverá no futuro nada além de paredões de concreto de cada lado da rodovia. Finalizando, transcrevo o último parágrafo do Manifesto, que serve muito mais aos permissionários do que aos cidadãos. Devolvo a eles o que eles precisam ler, aprender e praticar. "O bem geral do Município não pode estar vinculado a interesses particulares e interesses econômicos de grupos específicos de pessoas. E mais sério ainda, há (sic) interesses políticos que não visam o bem estar da cidade, mas usam situações isoladas como flagrante palanque eleitoral. Quem sabe como acalanto ao fracasso nas urnas!".
Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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