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Medicina e Saúde
14/03/2018 - 07h45
Febre amarela e seus efeitos nas redes sociais
Carlos Zago
 

O mau uso das redes sociais não é uma novidade para ninguém. Nunca se falou tanto em fake news (notícias falsas) quanto nos últimos tempos. E parece que essa onda de desinformação fez uma nova vítima: a campanha de vacinação contra a febre amarela em São Paulo. No dia 20 de fevereiro a Secretaria de Saúde de São Paulo afirmou que a campanha estava performando abaixo do esperado e especula-se que seja devido ao receio dos efeitos colaterais e mitos em torno da dose fracionada.

Desde o século 18, a medicina moderna tem que enfrentar a resistência de uma parcela da população em relação à vacinação. A invenção de Edward Jenner definitivamente mudou o curso da humanidade, uma vez que, graças às vacinas, conseguimos erradicar doenças como a varíola e a poliomielite. Era de se esperar que a vacinação fosse celebrada, não apenas pela comunidade científica, mas pela população como um todo... porém sabemos que "como um todo" não é um dos traços mais marcantes da humanidade.

Com a introdução de cada nova vacina, é gerada uma série de incertezas e questionamentos trazidos por teóricos da conspiração, influenciadores ou simplesmente pessoas mal informadas. Como qualquer outro fármaco, há uma taxa de efeitos colaterais, sim, na população, ficando em torno de 1 a 3% no geral e podendo chegar a 20% em certas comunidades. Nesse ponto, certamente pessoas mais propensas a acreditar nessas teorias já estão se desesperando com o dígito de duas casas que escrevi acima. Vale refletir sobre o fato de que efeitos colaterais podem acontecer, mas não são piores do que a doença para a qual se está imunizando. E diferente dos fármacos tradicionais, a revolta contra os efeitos colaterais da vacina tende a ser maior, pois a pessoa que é estimulada a tomar a vacina está sã. Logo, quando alguém se depara com um deles, gera-se o sentimento que se pode definir como "eu estava bem até tomar esse treco".

Mas voltemos ao caso de São Paulo e das redes sociais. Uma chegada inesperada da ameaça da febre amarela mobilizou o estado a montar uma resposta em caráter emergencial para prevenir um surto da doença. Numa época na qual é comum a ocorrência de viroses intestinais e o entra-e-sai de ambientes artificialmente climatizados leva a uma fragilidade imunológica, deixando parte das pessoas mais vulneráveis a infecções respiratórias. Não precisamos de uma reflexão muito longa para concluir que uma parcela das pessoas que se vacinaram vão apresentar doenças típicas da sazonalidade, além daquelas que, de fato, apresentarem efeitos colaterais.

O cerne problema reside na falta de informação, a qual se transforma rapidamente em desinformação. O advento das redes sociais permite que qualquer pessoa que apresente uma diarreia (após ter comido uma maionese que ficou fora da geladeira por horas durante um churrasco) vá às suas redes e divulgue um longo texto contando a história de como ela tomou a vacina e, 10 dias depois, está passando mais tempo do que gostaria num cômodo azulejado. Estudos mostram que vídeos no YouTube e posts em redes sociais tendem a ganhar mais likes quando criticam as vacinas do que quando passam informações e incentivam seu uso.

Portanto, as mídias sociais deram, mais uma vez, voz a uma minoria desinformada sobre a vacinação da febre amarela. Contudo, cada vez mais estamos vendo mais casos das vítimas da doença. A vacinação é de extrema importância, não apenas para que o indivíduo não contraia a doença, mas também para que ele não seja um transmissor. E, no final, há uma escolha simples a ser feita: correr o risco de estar na porcentagem que pode vir a desenvolver efeitos colaterais, ou fazer parte dos 10% picados pelo mosquito, que desenvolvem a forma letal da doença.


Nota do Editor: Carlos Zago é formado em Medicina pela Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), com MBA em Gestão Estratégica de Negócios pela Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP). Desde cedo dedicou-se a estudar modelos de negócios disruptivos na saúde e em outras áreas, tendo trabalhado com aceleração, mentoria e criação de startups. Atualmente é Presidente da Innovster (www.innovster.com), na qual atua gerando inovação para grandes players do mercado através de experiências, eventos, workshops e desenvolvimento de laboratórios de inovação.

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