O homem é um só, o que difere é o contexto cultural em que ele está inserido. A forma de pensar será sempre idêntica. Os comportamentos são semelhantes, quer se viva no interior ou na cidade, no sertão ou no litoral. O homem tenta sobreviver sempre de acordo com a forma e conteúdo cultural a que pertence. Ama-se, deseja-se, anseia-se, cobiça-se, almeja-se, ajuda-se do mesmo jeito ou modo. As obrigações são contextualizadas no momento preciso das suas necessidades e imperativos. O homem tem sempre a consciência, quer do coletivo, bem como do individual, e tem a percepção e o discernimento do momento em que deve agir para o bem ou mal. A visão e a análise do momento instintivo alteram-se e movimentam-se continuamente de acordo com a aculturação do indivíduo e do seu ponto de vista momentâneo perante aquele fato subjacente. Estender as mãos para alguém que precisa da nossa ajuda será sempre a obrigação do homem como um todo, pois essa parede invisível existente entre as diversas formas culturais aplicadas ao ser humano é perfeitamente transponível. Nunca podemos esquecer qual a essência comportamental do homem dos dias de hoje, cada vez mais a luta pela sobrevivência individual, descurando que um pequeno gesto, tem muito mais valor e salva mais vidas que poderíamos pensar. A falta desse gesto fraterno e de amizade convoca o homem para a competitividade desenfreada sem noções de limites, isso acontece hoje em dia, nas creches, nas escolas, nas universidades, no trabalho, no dia a dia, enfim nos nossos lares. Estamos cada vez mais a preparar as nossas crianças e homens do futuro para um ciclo de jogos competitivos, como se fosse possível à vida ser computadorizada. Esquecemo-nos que se estendermos as mãos sempre, estaremos conduzindo e ajudando quem precisa de algo, de alguma coisa. O sorriso ou simplesmente aquele abraço são as recompensas mais importantes que o homem como ser individual pode receber. Nota do Editor: Ricardo Ferreira é escritor, consultor empresarial e palestrante. Nascido em Angola e criado em Portugal, mora desde 1994 em Salvador, Bahia. É autor da trilogia literária “O Grande Banquete” (composta pelos livros “A Transformação e o Templo”, “Viagens à Nossa Volta” e “Eles e Elas e os Risos do Fado”), em que faz viagens pela cultura e história dos três países que o formaram como cidadão e ser humano, em narrativas que transitam pelo limite entre a realidade e a ficção. Defensor da lusofonia, atua com o intuito de estreitar, a nível comercial, cultural e social, os laços entre Angola, Portugal e Brasil.
|