29/03/2024  05h59
· Guia 2024     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
COLUNISTA
Marcelo Sguassábia
18/12/2017 - 06h54
Imposto celestial
 
 

Aconteceu ontem, às 15h39 pelo horário de Brasília. E eu, como funcionário de carreira da Polícia de Fronteira da Nação Tupiniquim – PFNT – jamais publicaria esse relato se ele não espelhasse rigorosamente a verdade.

Por uma manobra involuntária e desastrada do controle em terra, um dos nossos drones de vigilância atravessou uma espessa camada de nuvens e adentrou os domínios de uma colônia de desencarnados. Uma das hélices do aparelho rasgou a túnica de um anjo e depenou sua asa direita, o que provocou um alvoroço como não se via desde os tempos de Zebedeu. Milhares de outros anjos de diferentes escalões do paraíso foram cercando o drone, pálidos de espanto com a geringonça, como se presenciassem uma aparição de Nossa Senhora de Fátima. Foi daí que tivemos uma vaga ideia da imensa “extensão territorial” do pós-morte, ainda sem legislação que a regulamente e faça dela uma fonte de recursos para a União, os Estados e os municípios.

Assim, sugiro a criação, em regime de urgência urgentíssima, do ICEL – Imposto Celestial. Uma vez comprovada a vida após a emissão da Certidão de Óbito, como bem demonstrou o episódio do drone, o cidadão retoma automaticamente seus deveres de contribuinte, pagando pelo uso do espaço aéreo que lhe couber nos planos superiores.

Não é porque morreu que se adquire o direito de não contribuir mais. Assim é fácil, certo? Basta o indivíduo se matar para não pagar mais imposto. Uma covardia com o erário público, quase um crime de omissão aos deveres cívicos e tributários. 

Se a moda pega, estamos falidos. A esfera pública e o mundo corporativo também. Outro dia mesmo saiu uma notícia dizendo que, em 2098, o número de perfis de mortos no Facebook será maior do que o de vivos. E aí, como fica? Será que a maior rede social do planeta deixará de existir por causa disso? Os mortos serão maioria, e o espertíssimo Mister Zucker irá rebolar mas encontrará um jeito de fazer dinheiro com o pessoal que não posta mais nada.

Mas, voltando à ideia do novo imposto, há um único problema a ser contornado para regulamentar sua cobrança. Como ainda não há meios de instituirmos uma moeda oficial do Céu, por meio da qual o desencarnado recolheria o que deve aos cofres da nação, os herdeiros do mesmo ficariam responsáveis pelo pagamento, em terra e em reais, do ICEL em nome do finado – cobrando dele depois, se for o caso, da forma como julgarem mais conveniente.

Esta é uma obra de ficção


Nota do Editor: Marcelo Pirajá Sguassábia é redator publicitário em Campinas (SP), beatlemaníaco empedernido e adora livros e filmes que tratem sobre viagens no tempo. É colaborador do jornal O Municipio, de São João da Boa Vista, e tem coluna em diversas revistas eletrônicas.
PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
ÚLTIMAS DA COLUNA "MARCELO SGUASSáBIA"Índice da coluna "Marcelo Sguassábia"
21/12/2022 - 06h09 Previsões para amanhã
25/10/2022 - 05h52 Duña, uma fotobiografia
18/10/2022 - 05h45 Hardy, a hiena, vai anular o voto
03/10/2022 - 06h05 Nostraduña
20/09/2022 - 06h24 Aperfeiçoamentos enxadrísticos
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2024, UbaWeb. Direitos Reservados.