Algoritmos precisam enfrentar a necessidade da transparência
Mesmo que você não esteja familiarizado com o uso da tecnologia ela provavelmente está muito familiarizada com seus hábitos, gostos e desejos e o resultado disso é que você se surpreende, o tempo todo, se questionando: por que estou recebendo isso? Por que estou vendo isso na minha time line? E de quebra o porquê dos comentários usando termos: “efeito bolha”, “viralizou“, “estatísticas apontam”, “os especialistas recomendam o produto”, “esse investimento está liderando o rank”. Por trás de tudo o que chega até nós há uma razão, um direcionamento provocado por um algoritmo. Alguma instrução para que a mensagem bata a nossa porta. O conceito de algoritmo é frequentemente ilustrado pelo exemplo de uma receita culinária, embora muitos algoritmos sejam mais complexos. Eles podem orientar passos para um sistema necessitar de decisões até que a tarefa seja completada. Um algoritmo não representa, necessariamente, um programa de computador ou aplicativo, e sim os passos necessários para o sistema realizar uma tarefa. Os algoritmos podem estar num aplicativo ou vir embarcado num produto que você compra. O seu efeito é mais sentido no ambiente do Facebook e no Google dado o gigantismo e a quantidade de informação que armazenam em seus bancos de dados. O que você lê primeiro, qual o produto é promovido para você, que estatística tem mais importância e quais fotos devem aparecer na sua página. Avançam pelos aplicativos Uber, Instagram, bancos, lojas e chegam a sua caixa de e-mail. Eles, os algoritmos, norteiam todo o fluxo de informação de toda a web. Dominam a nossa vida E aí entra a primeira preocupação “nenhum algoritmo é neutro”, todo o algoritmo tem um propósito. De quebra mais uma preocupação “não são transparentes”, estão além da tênue barreira ética. Por trás dos algoritmos multiplicam-se males como a falta de transparência, de democracia, a censura, o espaço que tomam em nossas mentes e o roubo de tempo com “jungle posts” atirados em nosso colo. Tem males maiores sim, como a escolha de juízes para um julgamento ou a escolha do presidente dos Estados Unidos na última eleição americana. Podem derrubar governos, empresas e fabricar profetas, como vários que você conhece no YouTube. Tem solução A chave da questão, provavelmente a herança que estamos deixando para os nossos filhos e para a democracia, tal qual a conhecemos, passa por uma ação pela transparência dos algorítimos, como vem sendo pedida por várias entidades e cientistas: dar transparência necessária ao todo. Além disso, os especialistas acham que a solução passa pelo conhecimento e consciência dos males que estão trazendo. Propõem o filtro aos bancos de dados, como pressão pela transparência. Com o acesso mais restrito, os produtores de algoritmos terão que submetê-los a sociedade. Algo muito distante ainda, mas uma bandeira a deixar para os nossos filhos. Nota do Editor: Fernando Flessati é administrador, professor, especialista em comunicação e marketing. Estuda a influência da tecnologia no comportamento e na sociedade.
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