Uma abordagem dos perigos da internet e da importância da curadoria da informação
A cada dia os pais investem mais recursos em tecnologias de comunicação para seus filhos. Não posso culpá-los, o marketing é muito poderoso. Tablets, notes, smarts e outras geringonças, todas plugadas a uma vida conectada e a um mundo paralelo, desafiam a nossa imaginação e capacidade de compreensão. Junto com os objetos de comunicação vem uma carga de informação jamais imaginada em todas as eras, que pode ser terrível quando encontra a audiência infantil e juvenil, ávida por novas experiências. O acesso aos games quase sempre priorizam a violência, “autocomunicação massificada” como disse Castells, na maioria das vezes, uma proliferação de heróis sem sentido, causa ou ideologia. A tecnologia representada pelo acesso rápido a informação e a mídia por si só não é perigosa. Mas a sua influência nas crianças pode ser devastadora. Onde mora o perigo Imagine que toda a carga de informação aborda novos valores, ideologias, costumes, modas, alimentos e comportamentos que interagem com os jovens independente da sua cultura, educação, desenvolvimento social, valores e do ambiente em que está se desenvolvendo. Exemplos não faltam. Mas não falo deles. Do queer, cyber bullying, nem de imagens de jovens portando fuzis na Rocinha ou no Arizona, do recrutamento do Estado Islâmico, de crianças disparando armas nas escolas, de games quase reais que valorizam armas e ganham o imaginário infantil, de mais de 60% de adolescentes instados a compartilhar pornografia e do total desconhecimento da regulamentação legal da internet. A importância da pesquisa e da curadoria familiar Trago a importância de organizar o acesso a informação na velocidade da luz de encontro a criança. Falo do acesso irrestrito a informação sem orientação. Da importância do elemento mais escasso e caro, o tempo. Do stress a que estamos submetidos. Da mudança feroz dos costumes em que fomos dragados. Saudoso mestre? Do tempo em que éramos felizes e não sabíamos? De drogas, sexo e rock? A internet era um parque de diversão mestre e agora a fatura chegou? Confesso que tenho medo do semideus Algoritmo, esse controlador. Estou preocupado, extremamente preocupado com a interferência dos algoritmos em nossa vida. Certeiros, precisos e devastadores precisam ser disciplinados e controlados. A internet não é mais um lazer. Virou um grande negócio, mas voltarei a esse assunto. Antes de mais nada deixe-me definir o papel dos verdadeiros curadores nesses novos tempos. Não se trata de exercer censura, mas de pesquisar, selecionar, orientar, revisar num briefing periódico no principal ambiente em nossas casas, no momento em que as salas de visitas, quartos, banheiros e salas de aulas mais parecem lan houses. Ganha importância o papel da curadoria digital, da família curadora, a reinvenção do preceptor e do educador, que revisa temas emblemáticos e valoriza reinvenção do diálogo e do pensamento crítico. O papel do curador familiar está em alta. Nota do Editor: Fernando Flessati (www.fernandoflessati.com.br) é profissional de comunicação, marketing e professor, pesquisa a influência da tecnologia na sociedade.
|