| Arquivo UbaWeb | | | | Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro - Almanak Laemmert - 1864. |
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Antes de tudo sou marceneiro, dos poucos devidamente diplomado, e além do exercício da profissão, sempre juntei informações sobre a arte da marcenaria. Tenho uma coleção com 500 espécies diferentes de madeira do Brasil e do mundo, tenho toda literatura técnica das espécies brasileiras, muitos documentos antigos sobre o exercício da arte. Enfim além de marceneiro, tornei-me dendrófilo e pesquisador histórico. Estudando as madeiras descobri que os nomes em tupi-guarani indicam muitas das suas propriedades e características. Muirapiranga, um dos nomes do pau-brasil, quer dizer madeira vermelha; maracatiara que muitos falam por aí, não é nome de madeira, o certo é muiracatiara e quer dizer madeira do brejo. Tanto fui estudando as palavras que resultaram no primeiro livreto "Vocabulário tupi-guarani". A mania por dicionários nasceu logo cedo, tenho até hoje o meu primeiro dicionário, um pequeno Larousse de 1956 esta curiosidade peculiar sobre o significado das palavras talvez esteja no sobrenome Rizzo que significa raiz. Em Ubatuba fui descobrindo o singular falar caiçara fui colecionando palavras e resultou no livro Falar Caiçara com cerca de 800 verbetes dos 1800 que tenho guardado. Nasci numa cidade do interior de São Paulo, Itapuí, que tem menos de 100 anos de História, quando me mudei para Ubatuba o plano inicial era ficar cinco anos para uma adaptação de uma mudança mais radical para Austrália. Fui tropeçando na História de Ubatuba e ficando. Tropeçando é o termo correto, os 442 anos de História de Ubatuba, espalha acontecimentos por todos os lugares, pisamos diariamente em solo histórico e a gente vai conhecendo aos tropeções. Outro dia, um amigo me mandou o endereço de um site de uma universidade estadunidense (www.crl.edu/content/almanak2.htm), ali encontrei um almanaque brasileiro que circulou entre 1844 e 1889, cada ano com uma média de 1000 páginas, cerca de 40.000 compõe todo o arquivo, estou lendo página por pagina buscando menções sobre Ubatuba, a cidade e os seus personagens. É um trabalho que estou fazendo nos finais de semana e que seria muito mais proveitoso se tivesse mais pessoas fazendo. Já encontrei menções dos trabalhos de Esteves da Silva enquanto ele morava no Rio de Janeiro, sobre o pai do Gastão Madeira, Pires Nobre, família Ballio e se você se dispõe a pesquisar junto é só entrar em contato, juntos e organizados podemos fazer muito mais. Isto tudo faz parte de um projeto maior que deve culminar na Casa da Cultura de Ubatuba, temos História para fazer isso, falta-nos ações e documentos.
Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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