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Opinião
21/08/2017 - 07h32
Eu, robô
José Luiz Boromelo
 

Olhos grudados na tela colorida. Atenção toda voltada a intermináveis passeios a redes sociais. Ansiedade contínua e incessante em conferir possíveis novas mensagens. Textos, vídeos e clipes de gosto duvidosos, atraindo cada vez mais usuários, que se tornam dependentes em um piscar de olhos. Em casa, na rua, no trabalho, no restaurante, nas reuniões, nos templos, atrás de um volante, de um guidom, com ou sem fones de ouvido, no lazer ou em qualquer ambiente, inevitavelmente está presente a mais aniquiladora ameaça da atualidade. Nem moléstias, nem conflitos armados, nem desastres naturais poderiam causar tamanhos danos imediatos ao ser humano. O hominídeo considerado inteligente acaba literalmente incorporado à máquina, preso a uma tecnologia da qual não consegue mais se desvencilhar. Até mesmo o versátil e desconfiado “detetive” Wil “Spooner” Smith não seria páreo para esse desafio, antes materializado no robô futurista Sonny e suas cópias NS-5 detentoras do livre-arbítrio, agora transformados em ameaça virtual, a invadir a privacidade e a afetar a saúde física e mental das pessoas em todo o planeta. Como o uso constante e desnecessário da tecnologia ocorre desde a mais tenra idade, é de se supor que as futuras gerações serão acometidas por enfermidades das mais diversas possíveis e imagináveis, com consequências desconhecidas.

É indiscutível que o aparelho de telefonia celular móvel (na versão chique, atualizada para smartphone) se transformou em uma poderosa ferramenta para as necessidades da vida moderna. Contestar esse fato seria como malhar em ferro frio, pois o caminho é irreversível, com aplicações ainda a serem descobertas, mas certamente positivas para a melhoria de vida, desde que utilizadas com sabedoria. O problema está no uso indiscriminado e principalmente nos excessos cometidos pelos usuários, que perderam completamente a noção de civilidade e discrição, quando o assunto é o respeito às regras elementares de etiqueta no convívio em sociedade. Por vezes, não se consegue estabelecer um bate-papo agradável sem que o diálogo seja interrompido pelo toque insistente de um celular. Ou quando se resolve dar prioridade aos assuntos virtuais, deixando o interlocutor falando sozinho. Por mais que seja importante alguma ligação ou mensagem, a pessoa ao lado merece pelo menos, um pouco mais de atenção. Sem falar naqueles que, até sem perceber, irradiam o teor da conversa para todos os lados, como se estivessem transmitindo uma partida final de campeonato de futebol. Aliás, esse é um dos mais preocupantes problemas de quem costuma falar excessivamente ao celular: a ausência de sintonia e a total desconexão com o mundo real, dando a impressão de que necessitam urgentemente de uma audiometria.

Estabelecer um equilíbrio entre o uso consciente e os benefícios proporcionados pelas inovações tecnológicas é o desafio a ser vencido. Pela capacidade em atrair novos usuários a todo o momento, a tecnologia pode ser vista e encarada como uma forte aliada ao desenvolvimento com a incorporação de elementos disciplinadores, que, teoricamente, teriam a função de dosar seu uso. Seja no trabalho ou no lazer, o excesso é sempre prejudicial. Mas pelo andar da carruagem, pouca gente liga para isso. A maioria quer mesmo é falar e navegar à vontade, enviando e recebendo mensagens sem quaisquer limites. Daqui a pouco estaremos muito parecidos com os robôs daquele filme, alienados e controlados remotamente à distância. Com a diferença de que para o conserto da máquina de carne e osso, além de muito mais dispendioso, não existem peças de reposição. Então, desconecte-se por algum tempo. Existe vida fora de um aparelho celular.


Nota do Editor: José Luiz Boromelo, escritor e cronista em Marialva, PR.

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