Recentemente li uma reportagem que falava de um estudo feito na Inglaterra sobre as mulheres estarem congelando seus óvulos por causa da falta de homem no mundo. A meu ver houve uma conclusão equivocada sobre a pesquisa. O que está ocorrendo é que a mulher está escolhendo melhor seu parceiro de vida para construir uma família. A pílula anticoncepcional representou um marco no universo feminino. Desde então, ela começou a escolher seus caminhos porque pode definir o melhor momento para ter filhos. A mulher teve a chance de estudar e mostrar o seu potencial. Ocupou espaço no mercado de trabalho, contribuindo dessa forma para o orçamento da família, que antes ficava só sob a responsabilidade do marido (Segundo o IBGE, as mulheres já são quase metade da força de trabalho no Brasil, ocupam 44% das vagas). Porém com o tempo, percebemos o peso da idade na fertilidade feminina e a mulher começou a se preocupar com o relógio biológico. Ficou claro para todos, médicos e pacientes, que a partir dos 35 anos a quantidade e a qualidade dos óvulos ficam comprometidas (Diferentemente do homem, a mulher não tem formação de novos gametas – óvulos –, ela já nasce com seu estoque, que vai sendo consumido ao longo da vida. Além disso, o envelhecimento diminui a quantidade de óvulos geneticamente normais, sobrando para o fim da vida reprodutiva óvulos de má qualidade genética). Virou uma questão: investir na carreira ou ter filhos? A partir de 2012, quando as sociedades americana e europeia de reprodução assistida, deram o aval para o procedimento de congelamento de óvulos, que deixou de ser considerado experimental e se tornou parte importante do arsenal de terapias para preservação da fertilidade, as mulheres passaram a contar com mais essa ferramenta para ajudar na tomada de decisões sobre suas vidas e suas escolhas. A mulher está congelando os óvulos para poder seguir em frente sem ficar dividida. Ela quer escolher seu parceiro e quer escolher o melhor momento para engravidar. Simples assim! Nota do Editor: Maria Cecília Erthal é ginecologista e obstetra, especialista em reprodução humana assistida e diretora-médica do Vida-Centro de Fertilidade (www.vidafertil.com.br).
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