Um serviço de cartão pré-pago direcionado a moradores de comunidades foi lançado ontem (11) pela Central Única de Favelas (CUFA), que tem a meta de chegar a um milhão de clientes em seis meses. A dispensa de comprovações de renda e residência é uma das estratégias para atrair esse público, que muitas vezes não consegue ter conta bancária. A partir de hoje (12), a oferta do chamado Cufa Card começará a ser feita de porta em porta em 60 favelas da região metropolitana do Rio de Janeiro, mas a adesão ao cartão pode ser feita por pessoas de todo o país. Apesar de o público-alvo serem os moradores das favelas, qualquer pessoa com Cadastro de Pessoa Física (CPF) pode aderir. Fundador da Cufa, Celso Athayde diz que o objetivo é levar inserção econômica às comunidades e fazer com que o dinheiro circule entre pequenos empreendedores e pessoas atualmente desbancarizadas. “A gente customizou um produto para esse território, para essas pessoas, e a ideia é fazer desse cartão uma moeda comunitária nos próximos seis meses”, explica. “Um grande número dessas pessoas não trabalha formalmente, tem dificuldade de comprovar renda, e outros estão negativados e também não podem.” Para aderir ao Cufa Card também não há consulta ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) ou Serasa. O cliente paga uma taxa de R$ 8, que é revertida em R$ 10 de crédito para chips de qualquer operadora de celular. A partir disso, é possível depositar dinheiro na conta associada ao cartão, que não tem anuidade, e gastar o saldo de forma pré-paga em qualquer estabelecimento que aceite a bandeira MasterCard. O depósito de crédito no cartão pode ser feito presencialmente, em postos de atendimento em favelas da região metropolitana do Rio, por meio de boleto ou pelo aplicativo do Cufa Card para celulares. O saldo pode ser transferido para outros usuários do cartão, sem a cobrança de taxas, e até mesmo sacado, em caixas eletrônicos Banco 24 horas, nos quais é cobrada a taxa padrão da operação. As compras só podem ser feitas à vista, sem a possibilidade de parcelamento. A universitária Ingrid Souza, de 29 anos, planeja usar o cartão para comprar livros em lojas online. Moradora de Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro, ela não tem conta bancária e acredita que poderá organizar melhor sua vida financeira. “Agora, só vou gastar o que eu posso, porque com dinheiro na mão, você gasta. Se eu troco R$ 50, acabaram os R$ 50.” Empreendedores O Cufa Card também pretende atingir empreendedores de favelas que enfrentam dificuldades de obter máquinas de cartão e contas bancárias. Com o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), eles conseguem a máquina do Cufa Card, que também aceita cartões da bandeira MasterCard. A vantagem oferecida para os comerciantes e prestadores de serviços é a ausência de taxas para compras nessa máquina com o cartão Cufa Card, e também o custo zero de adesão. Dono de uma academia na Vila Kennedy, na zona oeste da capital fluminense, Mário Sérgio de Souza, de 38 anos, acredita que o número de alunos vai aumentar com o cartão. Além de prever até 8% crescimento, ele afirma que terá mais segurança em seu estabelecimento. “A gente vai trabalhar menos com dinheiro vivo na bancada da academia. Quando as pessoas não têm mecanismos de pagamento, elas vem com dinheiro vivo, e a gente acaba tendo riscos de segurança.
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