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Ciência e Tecnologia
03/05/2017 - 06h34
Não caia na tentação de desistir do digital
Flávia Pollo Nassif
 
Você vai se arrepender

A dificuldade começa pela ruptura da cultura dominante nas organizações.

Há pouco mais de um ano, o CEO da empresa onde eu trabalho me presenteou com uma imersão no universo digital, momento que me deparei com o potencial incrível do IoT, da revolução dos dados e todos estes temas que vocês estão “cansados de ouvir”. Nas minhas responsabilidades anteriores, e na minha vida pessoal, já conseguia perceber esta transformação, mas ainda de forma superficial, só a pontinha do iceberg, sem ainda ter a visão do mundo no qual viveremos em 2020. Na operadora de Telecom onde trabalhei, lembro, com orgulho, que já estava convicta que era possível prever o contato dos clientes para os próximos dias, e até quantos seriam, e de quais regiões receberíamos as reclamações em órgãos de defesa do consumidor.

Uma recente pesquisa do Gartner (2017 CEO Survey: Latin America CEOs Chart a Course Away From Digital) com CEOs da América Latina, apontou que, apesar de um forte direcionamento em 2016 na adoção dos Negócios Digitais, em 2017 se observa que estes líderes estão mudando de volta em direção ao “business as usual”, e no caso do Brasil muito associado ao cenário político-econômico atual instável.

Isto é incrível! E vale a pena refletir sobre isso. Seria como os índios não acreditassem que as caravelas estavam chegando na costa, apesar de estarem vendo, ouvindo e iniciando os primeiros contatos. Ou parecido com resolver voltar para casa em pleno voo. E o cenário político-econômico do Brasil, não seria justamente a motivação para acelerar esta transformação?

Esta reflexão me fez chegar em algumas possíveis causas desta insustentável vontade de desistir do digital:

Esgotamento pelo fanatismo digital

Fanatismo (do francês "fanatisme") é o estado psicológico de fervor excessivo, irracional e persistente por qualquer coisa ou tema, historicamente associado a motivações de natureza religiosa ou política. É extremamente frequente em paranoides, cuja apaixonada adesão a uma causa pode avizinhar-se do delírio. (Wikipédia)

O digital se tornou quase um talismã de sucesso e independente do estágio de implantação de cada empresa se estabeleceu tacitamente que, ou você associa a sua marca a transformação digital, ou você vai fracassar na próxima semana amargando a debandada de todos os seus clientes. Muitas consultorias criaram as suas unidades digitais e se aproximaram das startups antes mesmo de definir uma estratégia, um diferencial real, uma forma legítima de apoiar seus clientes, um valor agregado para chamar de seu.

E esta overdose de fanatismo sobre o digital começou a cansar os executivos, antes mesmo dos primeiros resultados relevantes começarem a acontecer, antes mesmo de conseguirem se beneficiar das novas tecnologias que, sim, já são realidade, já estão disponíveis e já estão alcançando a viabilidade de custo que será a propulsão para a revolução digital da sociedade de forma exponencial.

Diferentes approaches, qual é a verdade?

O digital é abordado de diferentes formas e, na minha opinião, todas são verdadeiras e extremamente complementares, mas confundem mesmo.

Por um lado a questão antropológica, a transformação do ser humano e da sociedade em direção a um mundo mais conectado e colaborativo. As pessoas de áreas mais exatas costumam não gostar muito desta abordagem, acham “fluffy” demais e sem objetividade. Mas este é o início de tudo, é a essência da necessidade dos clientes, é a observação do que está acontecendo com o ser humano, é o tão fundamental e dificílimo olhar de fora para dentro das organizações.

Outra abordagem é a tecnológica, que afirma que o digital é sinônimo de big data, analytcs, location inteligente, IOT, machine learn...; que estas tecnologias precisam ser utilizadas urgentemente e conseguirão transformar suas empresas como um passe de mágica, é só comprar!

Existe também a abordagem da inovação, de um novo método de trabalho, mais inteligente, ágil, com menos burocracia e mais confiança, parceria, informalidade e amizade no ambiente de trabalho. A necessidade em proporcionar o ambiente correto, mais lúdico, para as pessoas criarem, de forma colaborativa, "multi skill", multiárea, multitudo.

E em paralelo já se fala na nova transformação digital, robôs, comunicação com as máquinas, extinção de diversas profissões, o início de uma nova era somente para os adaptáveis. Esta realidade gera admiração em alguns e repulsa em outros. Gera ansiedade naqueles que ainda estão tentando surfar a primeira onda.

Diferentes abordagens devem ser utilizadas com diferentes pessoas, em diferentes situações. Todas juntas cansam mesmo e geram a inconsistente dúvida “qual é a verdade?” e a busca pela resposta incorreta, mas confortável, “nenhuma, o digital é um modismo que vai passar”. Não vai!

Dificuldade que gera resistência

A dificuldade começa pela ruptura da cultura dominante nas organizações, que ainda (em diferentes graus) entendem que o conhecimento legado é o mais importante, que compartilhar informações é perder poder, que apesar de todas as lições trazidas pelas crises, ainda focam no emprego e não na empregabilidade. Líderes que não têm tempo para as pessoas, especialistas que atualizam apresentações semanais sistematicamente e analistas que consolidam dados.

OK, mesmo uma apaixonada pelo digital como eu, não conseguiria dizer que a transformação digital é simples de entender e de implementar, mas não é uma opção e você vai fazer parte, a escolha é em que local você estará nesta nova realidade. No campo, no banco de reserva, na arquibancada ou somente vendo pela TV?

A cultura precisa mudar e isso vem de cima, as pessoas precisam de tempo: tempo para estudar como o digital pode transformar seus processos de negócio, tempo para pensar, inovar, errar, tempo que só pode ser viável se a primeira lição de casa pré-digital já foi feita, a automação e otimização de seus processos... Se a sua área, se a sua empresa precisa dos seus funcionários operando seus processos "all the time" e no tempo que sobra tentam ter ideias inovadoras, esquece, não vai acontecer. E nem isso seria motivo para retornar ao “business as usual”.

Quando a pressão do "c-level" é forte em alguma direção e os líderes não estão conseguindo extrair os resultados esperados em suas estruturas, a grande tentação é negar a novidade e retornar a antiga forma de fazer as coisas, mas essa estratégia retarda a companhia e não encontra soluções frente as dificuldades de uma revolução como o digital, que deixou o mundo ainda mais competitivo.

Firmeza de propósito e extrema resiliência é o que se espera dos executivos, estes responsáveis por conduzir as empresas por caminhos rentáveis e sustentáveis, a curto, médio e longo prazo.

Conclusão?

Não desistir, entender profundamente a revolução dos dados, utilizar o seu conhecimento para governar os dados até a expectativa dos seus clientes, ter a humildade e a coragem para aprender novas formas de analisar seus processos de negócio. Talvez o seu negócio nem seja mais o mesmo e você não pode ser o último a saber disso.

O nosso valor atualmente está na capacidade de observar e de aprender coisas novas, e não no peso da nossa mochila de conhecimento que levamos nas costas. Isto não é tão cruel quanto parece. Todo o conhecimento adquirido não é importante por si, o que importa é o quão flexível e “inteligente” este caminho te deixou.

Seja pelo viés antropológico, tecnológico, de inovação ou por competitividade... não desista.

"Disruption has become a new normal”.


Nota do Editor: Flávia Pollo Nassif é diretora comercial da Triad Systems. Formada em Tecnologia da Informação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Flavia Nassif tem MBA de Gestão Empresarial em Telecomunicações pela Fundação Getúlio Vargas.

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