Uma pesquisa recente revelou o que o brasileiro pensa sobre o meio ambiente e qual a opinião do cidadão comum sobre as principais questões ambientais no país. Além das obviedades que estamos cansados de saber, uma delas sou obrigado a comentar. Sarney Filho, relator da CPI da biopirataria comentou sobre os cerca de 30% de confiabilidade contra 71% de desconfiança que as ONGs ambientalistas tem junto à opinião publica. A culpa, segundo ele, deve-se ao comportamento errado de poucas entidades refletindo sobre os trabalhos de organizações sérias e produtivas. Deve ser um enorme conforto para os que estão no poder debitar a falta de credibilidade das ONGs à má atuação de poucas. Cria-se uma cortina de fumaça ocultando a incompetência dos governos quanto a uma visão clara e objetiva do que é o Ambiente. Por falta de ONGs sérias, e não porque é obrigação dele, o Governo não interrompe os desmatamentos, não impede as invasões em áreas de risco, as ocupações ribeirinhas, não implanta coleta de lixo seletiva e tudo o mais que violenta qualquer cidadão preocupado com o futuro. Em último caso manda colocar umas plantinhas para esconder suas incompetências. Ao governo cabe as benesses de criar conjuntos habitacionais ou oferecer projetos para abrigar invasores de áreas públicas, inaugurar estações de tratamento de esgoto que não funcionam por falta de rede coletora, construir presídios e fazer campanha eleitoral para continuar no poder. Apesar de todos reclamarem dos altos impostos que pagamos e dos poucos serviços que desfrutamos, a mesma pesquisa revelou que mais de 70% dos entrevistados aceitariam pagar mais por produtos ambientalmente responsáveis. Ao modo da taxa de seguro do apagão que pagamos mensalmente em nossas contas de luz, tenho medo de imaginar que o governo descobriu um novo filão para continuar faturando alto sem cortar suas despesas. Produtos ecologicamente corretos mais caros, impostos logicamente corretos, pra eles.
Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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