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Poesias
03/12/2016 - 09h16
Velhos retratos
Luzinete Aparecida Nunes Espinha
 

Houve um tempo em que eu pensava que todos os retratos eram iguais;
uma vez tirados, nada mais fossem que sorrisos guardados em álbuns.
Na minha casa, tinham muitos, alguns até censurados,
e convivíamos bem, eu, as fantasias e os retratados.
Para mim, eram todos personagens de um conto de fada
Vivendo a sorrir numa fábula encantada.

Naquele tempo, eu não me preocupava com os retratos inacabados,
mal pintados e caricatos.
Com os sorrisos que deixaram à mostra dentes postiços.
Nem com o papel de péssima qualidade que fazia de cada olhar,
um gesto de maldade.
Tinha um retrato na parede do corredor que me assustava,
eu pensava ser meu pai; era meu avô em tenra idade.

Meus pais eram personagens de uma história de amor, que foram
felizes para sempre no final de uma página.
No fim de outra, ficou registrado um encontro marcado.
Ambos de braços dados e o sorriso, lá, pendurado.
Eu não percebia que fora do papel minha mãe não sorria.
Que em meio aos velhos retratos, eram dois fantasmas inanimados.
Dois condenados a viver juntos entre os guardados.

Na lembrança eu guardo todos: coloridos, preto e branco,
pintados de corpo inteiro, impressos em três por quatro,
velhos, mais que velhos, antigos, contemporâneos, recém-nascidos.
Páginas e páginas, em um álbum, coladas.
Na minha imaginação, eles se movimentam como desenho animado,
e interpretam o que sinto, assim como meus olhos molhados.

Tudo que sobrou foi a saudade da infância, da casa, dos retratos de sorrisos ensaiados.
Mal sabia eu que também teria o meu, fotografado, colado e guardado entre as páginas de um álbum.
Tem sorriso meu de criança, de menina de pé no chão,
de moça com cabelo ao vento, de noiva numa tarde de abril...
Um retrato, um flash e um grito: Sorria!!


Nota do Editor: Poesia premiada no 33º Concurso de Poesias Nhô Bento, ocorrido no dia 19 de novembro, em São Sebastião, SP.

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