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SEÇÃO
Comportamento
13/10/2016 - 06h19
O poder da empatia
Juliana Albanez
 

Dizem que mulher é indecisa. As otimistas preferem definir como ponderadas. Sim, é verdade que analisamos todos os lados de uma questão antes da decisão final. Mas o fato é que poucas vezes saí de casa tão decidida como naquela tarde fria de sábado.

A ideia era comprar um tênis para voltar a correr – exercício que, para mim, é uma deliciosa equação entre esforço e prazer. E saí para uma simples compra sem saber que seria quase um filme “Em busca do tênis impossível”. A história que vou contar aqui tenho certeza de que você já viveu. Aquele dia que você quer comprar um produto, você até encontra o que quer, mas faltou algo, um clima, uma energia, um ímpeto de comprar. E assim, o tênis ficou para outra oportunidade.

Na volta para casa, já sem o tênis, me lembrei de uma viagem que fiz até Tiradentes, em Minas Gerais. Sob aquelas ruas estreitas da cidade, eu só conseguia pensar em seus famosos doces de leite, queijos e quitandas. Foi quando vi uma linda casinha disfarçada de loja. Quando entrei já me senti em casa, nada em seus devidos lugares, um ar despretensioso – aos mais metódicos, até bagunçado -, mas com um aconchego que me fez querer ficar ali.

Na loja tinha de tudo um pouco, desde tapetes, santos, incensos, toalhas com bordados e um charmoso lustre que caía como cachoeira no centro da sala. Depois de muita prosa na varanda, café e habilidade da dona da loja, eu não preciso contar que saí de lá com um lustre que mal cabia no meu carro. Isso porque queria comprar apenas um doce mineiro...

Foi uma tarde diferente, muito agradável. E depois do sábado frio e frustrante que contei no começo desse texto, pensei: Qual a distância entre o tênis e o lustre? E hoje não tenho dúvidas: quilômetros de empatia.

Todos nós gostamos daquele médico que tem um jeito especial, as vezes até de nos chamar atenção, ou daquele professor que, além do conhecimento, sabe muito bem o que fazer com ele. Cada dia menos o “expert” intragável é respeitado. Ainda bem. A empatia faz parte desse processo imperceptível. É uma forma de criar harmonia, de conquistar relações amistosas e hoje, nessa correria do dia dia, com impessoalidade e metas cravadas em todo setor, esse detalhe pode fazer toda a diferença.

A empatia é uma forma de adaptação a seu cliente, observar como ele fala, o que não fala ou os sinais que seu corpo envia. Isso não quer dizer imitá-lo, mas sim observá-lo para uma aproximação agradável. Quando você sente o cliente firme no aperto de mão e corresponde, quando percebe que a conversa preferida dele é pesca e se interessa, quando o percebe relaxado e relaxa também, vocês se aproximam, e essa aproximação pode mudar estados mentais e se transformar em resultados. Isso porque você gosta de quem age e pensa como você, pois o faz ter a sensação de que o produto ou serviço deva ser bom.

Quando você acredita no que diz e fala da forma que o cliente quer ouvir, uma relação se estabelece. A dona da loja de Tiradentes usou toda sua habilidade e naturalidade para criar ali uma relação. Com certeza ela não estava pensando em me vender um lustre, mas é fato que nós duas saímos felizes dali.

E o tênis? Claro que comprei dias depois, tecnicamente bem atendida, com todas as informações para corrida de rua, resistência, vantagens e desvantagens. Mas saudade, vontade de voltar? Só da lojinha pequena e charmosa de Tiradentes.


Nota do Editor: Juliana Albanez (www.julianaalbanez.com.br) é Personal & Professional Coach, palestrante e jornalista. Especialista em Comportamento, Liderança Feminina, Gestão Pública e Comunicação, Juliana já levou suas palestras, treinamentos e sessões de coaching para milhares de pessoas no Brasil inteiro. Suas apresentações já lhe renderam os mais positivos feedbacks, principalmente de pessoas que deram a volta por cima em suas vidas e carreiras, graças aos seus conceitos e ensinamentos.

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