Irresistível desalento. Vida fútil e vazia. Tédio, imenso tédio: mal sem remédio. Olhar distraído e desatento que se anuvia, e anuncia, dia e noite, noite e dia, mal disfarçada agonia de um secreto tormento. Angústia da solidão: temor de estar só, de ser sempre só, de viver o tempo todo só e de, quiçá, morrer só. Fobias, cultivo fobias: medo do silêncio, receio de fracasso, pavor das recordações. Grilo do amanhã, violando o silêncio atormentando, sem cessar, com cri-cris repetitivos e ameaçando impor novos silêncios totais, mais e mais dias vazios, renovadas frustrações. Cubículos fechados, células estanques, compartimentos sombrios, hermeticamente trancados que açodam, com vigor, pavorosa claustrofobia. Quisera a luz dos seus olhos para varrer as trevas da solidão. Quisera a melodia da sua voz para embalar sonhos encantados. Quisera o calor do seu corpo vigoroso, jovem, cálido, para prover a redenção, assegurar a imortalidade. (Poema composto em São Caetano do Sul, em 4 de setembro de 1962.) Nota do Editor: Pedro J. Bondaczuk é jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções, foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance Fatal” (contos), “Cronos & Narciso” (crônicas), “Antologia” – maio de 1991 a maio de 1996. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 49 (edição comemorativa do 40º aniversário), página 74 e “Antologia” – maio de 1996 a maio de 2001. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 53, página 54. Blog “O Escrevinhador” – pedrobondaczuk.blogspot.com. Twitter:@bondaczuk
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