— Arturzinho, conta uma coisa pra titia... — O quê? — Que cê vai ser quando crescer? — Hum... Médico! — Puxa, que legal, hein? — É! Médico! — E por que cê quer ser médico, meu lindo? — Ah, porque médico ganha muiiiiito dinheiro, né? — Hum... Pode ser que ganhe mesmo. Mas escuta uma coisa... — O quê? — Médico tem que trabalhar muito, viu? — Tem? — Tem sim! E tem que ir na hora que alguém chamar! — Na hora, tia? — É sim... — Até se for de noitão? — Até se for de noitão. De madrugada, a qualquer hora... — Puxa! E se for na hora que ele tá dormindo? — Uai! Tem que acordar e sair correndo! Senão o doente morre. — Ih, igual o The Flash! — Isso mesmo! E nem pode falar que não tá. — Uai! Tem médico que fala isso, tia? — Tem sim. A pessoa chama, ele fica com preguiça, manda dizer que não tá... — E se a pessoa morrer, tia? — Se morrer, morreu, uai... Ele nem fica sabendo. — Ele desobedece a lei dos médicos, então! — Sim, querido! Eles prometem que vão fazer tudo direitinho, mas... — Depois não fazem... — Muitos não fazem. — Xi! — Arthurzinho, cê ainda quer ser médico? — Quero sim, tia! — Que bom! E vai cumprir direitinho a lei dos médicos? — Vou! — E se te chamarem cê vai correndo? — Voando, tia! — Então, parabéns, Dr. Arthurzinho! Até de noitão cê vai? — Vou! Se der tempo de escovar o dentinho, eu escovo. Se não der, eu vou assim mesmo, tá bom, tia?
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