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Brasil
28/09/2016 - 06h02
Queda menor do PIB não reduz desemprego
Reginaldo Gonçalves
 

A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) reduziu de 4,3% para 3,3% a previsão de queda do PIB do Brasil em 2016, em sintonia, aliás, com o Boletim Focus, que indicou recuo de 3,15%. Porém, essa estimativa menos ruim do organismo do qual são signatárias as nações mais ricas não serve de alívio ao grande contingente de desempregados de nosso país. No final do ano, serão 12,5 milhões de pessoas sem carteira assinada.

De todo modo, a projeção menos pessimista sinaliza novas perspectivas para uma melhora de nossa economia em 2017. No entanto, cabe alertar que os avanços somente irão efetivar-se se o novo governo cumprir suas metas de redução do déficit público e enxugar a máquina administrativa, principalmente reduzindo o número de cargos comissionados.

O quarto trimestre costuma apresentar uma sensível melhora no comércio, com um pequeno aquecimento da indústria, um dos segmentos que normalmente empregam mais pessoas, mesmo que por período temporário. Esse aquecimento sazonal pode propiciar um aumento do consumo e pelo menos estancar a escalada do desemprego, que hoje assola um número de brasileiros equivalente à população do município de São Paulo.

Para que haja aquecimento, a redução dos juros precisa ser considerada, pois a fórmula de combater inflação com recessão está esgotada e não pode mais ser uma ferramenta única para equilíbrio entre produção e consumo. É inadmissível uma taxa de juros de 14,25% ao ano, com uma inflação que resiste no patamar hoje projetado no IPCA-15, de 0,23% em setembro/2016. A inflação, até setembro, está em 5,9% e em 12 meses, 8,78%, ou seja, ainda muito distante do centro da meta, que é de 4,5%.

A preocupação agora é com a gestão dos preços administrados, que poderá ser uma das alternativas para o reequilíbrio da economia, desde que o governo seja prudente e trabalhe com inteligência. A simples promessa de redução nos preços do combustível, num momento em que a Petrobras agoniza e reduz os seus investimentos, não parece ser algo capaz de impactar de modo expressivo todos os preços dos itens que dependam de transporte ou produção. O preço internacional do barril de petróleo não esta favorável a isso e já atinge o patamar médio de US$ 47,62 o barril (valor de 22 de setembro).

A redução do PIB pelo segundo ano consecutivo, mesmo com viés de recuperação a partir de 2017, não é suficiente para que os brasileiros desempregados possam voltar a trabalhar no ao novo. O pleno emprego ainda vai demorar e não depende somente da iniciativa do governo, mas também da recuperação da confiança dos empresários brasileiros, companhias multinacionais e dos investidores internos e externos. Um detalhe importante é que a indústria da construção civil, geradora de mão de obra intensiva e empregadora de trabalhadores com baixa qualificação, segue andando a passos de tartaruga, em virtude da falta de investimentos em infraestrutura por parte do governo e da retração do mercado imobiliário. Estamos ainda distantes da situação de alguns anos atrás, quando o principal problema na área de RH, num amargo e irônico contraste com o cenário atual, era a falta de profissionais com alta qualificação para cargos estratégicos nas empresas...


Nota do Editor: Reginaldo Gonçalves é coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina (FASM).

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