Região paranaense está na maior área preservada de Mata Atlântica do país
Há 30 anos, a região da Serra do Mar foi considerada patrimônio cultural e artístico do Paraná e, com certeza, quem já passou pelos vários caminhos que ligam Curitiba ao litoral concorda: o visual é deslumbrante. Segundo a Secretaria de Esporte e Turismo do Paraná, a região está entre as quatro atrações mais visitadas do estado. Confira alguns dos motivos para visitar a Serra do Mar paranaense: Aventura natural A descida pela “Serra da Graciosa”, como o próprio nome já diz, é sim graciosa. A estrada de paralelepípedos, repleta de curvas sinuosas, construída no século XIX, oferece diversos mirantes no seu percurso, para o turista curtir a paisagem da Mata Atlântica, além de quitutes tradicionais da região, como o milho verde cozido e a bala de banana. Outro trajeto muito conhecido é a descida de trem, entre Curitiba e Morretes. A litorina percorre 110 quilômetros de ferrovia durante 3 horas, com paisagens de tirar o fôlego e muitas oportunidades para desfrutar e fotografar a Serra do Mar. Muito próximo dos trens, algumas vezes até cruzando a ferrovia, há o “Caminho do Itupava”, que liga os municípios de Quatro Barras a Morretes. Sem dúvida, é um dos trajetos que mais aproxima o viajante da Mata Atlântica. Com o percurso de 22 km a ser percorrido a pé, o caminho traz a história do local com passagens pelas trilhas coloniais ao redor do pico do Marumbi e da Serra da Baitaca, com lindas cachoeiras e floresta sombreada. O Parque Estadual Pico do Marumbi faz parte do Sítio do Patrimônio Mundial da Natureza Reservas da Mata Atlântica do Sudeste, reconhecido pela Unesco desde 1999 e é considerado o berço do montanhismo brasileiro. No Parque, situa-se o conjunto Marumbi, composto por nove picos, dentre eles o Morro Olimpo, Abrolhos, Ponto do Tigre e Gigante, que são abertos à visitação pública. Por todo esse complexo são praticados diversos esportes radicais, desde o montanhismo, escalada, rapel e trilhas, que atraem turistas de todas as nacionalidades. Serviços ambientais O tombamento da Serra do Mar garante a proteção da fauna e da flora da região, mas engana-se quem pensa que o benefício é só do meio ambiente. De acordo com o biólogo e diretor de Relações Institucionais do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR) e membro da Rede de Especialistas de Conservação da Natureza (RECN), Ariel Scheffer da Silva, os benefícios gerados pelas áreas naturais conservadas se estendem à toda população. “A água consumida pelos moradores de Curitiba e Região Metropolitana é garantida por causa da proteção natural exercida pela vegetação presente na Serra do Mar. Da mesma forma, sua conservação é de absoluta necessidade para as baías de Paranaguá e Guaratuba, conforme explica Ariel: “outro exemplo vem do porto de Paranaguá, maior terminal de movimentação de grãos da América Latina, que também sente os efeitos positivos, já que a floresta preservada previne a erosão que causaria o assoreamento do canal de acesso das embarcações de grande calado ao porto”, explica ele. Com as encostas da serra cobertas pela vegetação nativa, as ameaças de deslizamento são reduzidas e com isso, a população presente na Serra do Mar fica protegida, assim como as rodovias e o ramal ferroviário. Você sabia? A Serra do Mar do Paraná está inserida no maior remanescente em bom estado de conservação da Mata Atlântica, bioma que hoje resguarda menos de 7% do seu original. Para proteger a rica biodiversidade e os serviços ambientais prestados pela natureza da região, foram criadas diversas unidades de conservação (UCs). Entre elas estão a Reserva Biológica de Bom Jesus (Paranaguá), Parque Nacional Saint Hilaire-Lange (Matinhos), Estação Ecológica Guaraguaçu (Paranaguá), Parque Estadual Pico Marumbi (Morretes, Piraquara e Quatro Barras) e Parque Nacional do Guaricana (São José dos Pinhais, Morretes e Guaratuba). História O risco das atividades econômicas, que provocam erosão e deslizamento de encostas, foi o principal argumento para que o governo do Paraná decretasse, em 5 de junho de 1986, o tombamento da Serra do Mar. O decreto veio depois de muita mobilização de uma série de profissionais que atuavam em defesa da conservação da Serra do Mar. “Pesquisadores, montanhistas, artistas, amantes da natureza - são muitos os atores que compõem o amplo grupo de personalidades que permitiu essa tomada de decisão. A conquista do tombamento deve-se igualmente à vontade popular de permitir que as áreas naturais, as paisagens, a flora e a fauna dessa região pudessem ser protegidas e preservadas indefinidamente”, destaca Clóvis Borges, médico veterinário, diretor-executivo da Sociedade de Proteção e Pesquisa da Vida Selvagem (SPVS) e membro da RECN.
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